Ninho vazio

Denize Miranda de Figueiredo e Marina Simas de Lima são Psicólogas Clínicas especializadas em Terapia de Casal e Família com mais de 20 anos de atividade profissional. São fundadoras do Instituto do Casal, em São Paulo (SP).



Você entra no quarto do seu filho (ou da sua filha) e ele (ou ela) não está mais lá. Na hora das refeições é quase automático colocar o prato dele (ou dela) no lugar de sempre. Daí você se lembra que ele (ou ela) já não mora mais com você. Então as sensações de solidão, saudade e tristeza se misturam. Estes são alguns sentimentos descritos por pais que viveram esta experiência, conhecida como "Síndrome do Ninho Vazio".

Sintomas físicos e mentais – associados à partida dos filhos – podem afetar os pais, tanto faz se o homem ajudou menos na criação dos filhos ou se a mulher trabalhava fora. Esta é uma fase da vida dos casais que construíram família. Pode gerar tristeza, vazio, sensação de inutilidade, sentimento de culpa e outros sintomas que impactam a rotina e a relação dos casais, podendo até levar à depressão.

A ocasião registra o momento em que a função parental perde sua importância – na forma como vinha sendo exercida –, pois não há mais filhos para serem cuidados. Porém, o jeito de lidar com a partida dos filhos não é sempre igual, ou seja, nem todos os pais vão se sentir tristes ou vão desenvolver depressão.

Há casais que enxergam a saída dos filhos como oportunidade para se envolverem com outros projetos de vida. Entretanto – sempre, de alguma maneira –, todos os casais são afetados pela mudança. Por isto, é fundamental que procurem novas possibilidades para exercitarem outras atividades úteis.

A abertura para novos acontecimentos requer novos posicionamentos. Como toda mudança definitiva de vida, a saída dos filhos vai demandar dos pais um processo de readaptação à realidade. Os pais criam os filhos para eles se tornarem cidadãos do mundo. O dia em que eles deixarão o ninho vai chegar, mais cedo ou mais tarde.

Assim, é importante aos pais – desde cedo – que pensem na autonomia dos filhos, que mantenham seus interesses pessoais e ainda zelem pela vida a dois. Certamente, os pais que se dedicam quase exclusivamente aos filhos – descuidando das suas individualidades e da conjugalidade – vão ter mais dificuldade de enfrentar a partida dos filhos.

Os terapeutas experientes são unânimes. Segundo eles, quando os filhos saem de casa é preciso pensar com firmeza que este é um ótimo momento de iniciar um novo capítulo na história de vida de todos da família. Os que ficam em casa e os que saem de casa estarão iniciando um novo ciclo em suas vidas.

Não se deve perder oportunidade de descobrir e adotar novos modos de relacionamento entre os membros da família, mesmo agora, entre os que vivem na mesma casa ou em casas diferentes. A dica é usar esta fase da vida como uma oportunidade se reinventar. Os pais que prepararam os filhos para se tornaram autônomos, certamente merecem parabéns. Foram bons pais, fizeram um bom trabalho.

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