Padre Antônio de Jesus Sardinha.
Vigário Geral da Diocese de Jales
O mês de setembro chega ao fim,
mas nos deixa a primavera florida e também sinais de chuvas, uma bênção pela qual
nossa natureza suspira. Dia 30, festejamos São Jerônimo, que dedicou-se à
tradução da Bíblia a partir dos textos originais e à revisão da antiga versão
latina, língua falada no mundo de sua época (século V). Abrem-se as portas do
mês de outubro, o mês das missões, apresentando-nos realidades que precisam de
muita luz para se compreender e definir novas lutas a serem travadas.
A Procuradoria Geral da República
entregou ao Supremo Tribunal Federal novas denúncias contra Temer para abrir inquérito
e já encaminhadas ao Congresso. Outubro tem agenda cheia. E segue a ladainha... Lula, Aécio, Dirceu,
Palocci, Odebrecht, reforma da previdência, especulações sobre a educação, a
saúde agonizante, o orçamento com cortes estupendos no Ministério do
Desenvolvimento Social, a guerra no Rio, a guerra dos norte-americanos.
A Palavra de Deus deve nos
inspirar a um comportamento capaz de construir uma Nova Civilização. No
entanto, a mesma Bíblia acaba sendo usada para alienar as pessoas. Já dizia
Marx: “ a religião é ópio do povo”. No tempo de Jesus, os debates se davam com
os escribas, fariseus, sacerdotes do templo, e anciãos do povo, que chegaram ao
ponto de, raivosamente, articularem sua condenação à morte.
É preciso permitir que o Espírito
Santo nos ilumine na escuta da Palavra de Deus, de tal modo que possamos
enxergar do mesmo jeito que Jesus. Ele nos dá os parâmetros de seu ensinamento
através das bem-aventuranças (Mt 5,1-8). Deus tem uma predileção pelos mais
sofridos, marginalizados, os pobres. Deus não tem pátria. Seu amor se estende a
toda a humanidade.
Certamente o mundo deve sentir-se
desafiado a ter uma nova postura de sua religião. A parábola do Pai que chama
os filhos para trabalharem na sua vinha. Faz a vontade do pai aquele que disse
não, entretanto levantou-se e foi trabalhar (Mt 21,28-32). “Não é aquele que
diz ‘Senhor, Senhor’ que entrará no Reino dos céus, mas aquele que ouve a
palavra de Deus e a põe em prática. ” (Mt 7,21). A grande tentação de nosso
tempo é pautar a vida em vista de obter os bens a qualquer custo. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro “Mt
6,24).
Vivemos tempos de discursos
bonitos, agradáveis aos ouvidos, de apresentações belas para os olhos, no
entanto de pouco compromisso com a bondade, com a generosidade, com o serviço à
construção de uma sociedade onde prevaleça o amor, a justiça, a dignidade para todos.
Então, o mundo atual vive novas
escravidões, novas exclusões, novas discriminações. A Palavra de Deus será
eficaz se for proclamada como faziam os profetas, insistindo na necessidade da
conversão.
Em vez de guerra para dominação,
os líderes precisam construir caminhos de paz. Em vez de ódio e atitudes fratricidas,
devemos buscar soluções de solidariedade com os mais vulneráveis. Pensando nas
situações concretas da cidade, que contribuições cada comunidade, cada Igreja, cada
movimento, cada organização social, cada instituição, cada entidade pode
oferecer para enfrentar os desafios no mundo urbano?
Multipliquemos grupos ativos na
prática da solidariedade e encontraremos caminhos de uma nova Civilização. Essa é a grande missão.
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