*Renata Vasconcelos
É triste, mas é verdade: aproximadamente 57 mil mulheres descobrem ter câncer de mama todo ano no Brasil, de acordo com o INCA. Eu fui uma dessas mulheres. Mais que números, são milhares de vidas atingidas fortemente por uma doença que faz sofrer quem a tem e quem está ao lado.
É triste, mas é verdade: aproximadamente 57 mil mulheres descobrem ter câncer de mama todo ano no Brasil, de acordo com o INCA. Eu fui uma dessas mulheres. Mais que números, são milhares de vidas atingidas fortemente por uma doença que faz sofrer quem a tem e quem está ao lado.
Quando descobri o câncer de mama estava com 33 anos, cheia de planos e tinha acabado de sair de um tratamento de gravidez sem sucesso. A notícia foi como ser afogada de novo numa piscina, sem ter mais fôlego. Era exatamente esta minha sensação! Passei por quimioterapia, e radioterapia. Depois de três anos, passei a fazer acompanhamento médico a cada seis meses, além de usar um remédio oral.
Foi chocante perder os cabelos, não me reconhecia! E foi duro passar por todas as dificuldades de um tratamento agressivo, como é o oncológico. Mas, essa doença me modificou. Creio que não saiu de mim só o tumor, mas os apegos exagerados, as preocupações vãs, e, com certeza, meu tempo ficou mais valioso.
Mais ainda, pude ser cuidada por aquele que prometeu a Deus e a mim, fidelidade na saúde e na doença. No dia do nosso casamento, estava completamente saudável, jovem e cheia de planos, mas quando se faz uma promessa com o eterno, não se sabe o que vai acontecer no outro dia.
Ele me amou quando tinha cabelos e saúde, mas me amou também quando estava careca e sem forças para me levantar do sofá. Não vou dizer que foi fácil, estávamos enfrentando uma avalanche juntos, saímos cansados, feridos, mas de mãos dadas.
A verdade é que quando as mãos se unem no altar, só devem se separar no caixão, e, para quem crê, permanecem unidas para a vida eterna. Por mais que alguns digam não precisar ou não querer, as leis naturais de Deus estão impressas no coração do homem, portanto, cada um de nós busca um amor que nos ame na alegria e na tristeza.
Por isso, não dá para imaginar a dor de uma mulher que recebe essa notícia e não tem o apoio necessário da família. Um estudo realizado pelo Fred Hutchinson Cancer Research Center, nos Estados Unidos, apontou que 21% dos homens se afastam da esposa depois do diagnóstico de problemas sérios de saúde, como o câncer. O estudo ainda revelou que, quando um dos cônjuges adoece, o casal fica seis vezes mais propenso ao divórcio.
A verdade é que a face mais bela do amor se revela na dor, no sofrimento, na prova. Para mim, a promessa que eu e meu esposo fizemos no dia do nosso casamento, foi cumprida quando adoeci, e claro, a cada dia até hoje. Foi na dor que provamos a força do amor.
Para você homem: não tenha receio de não saber lidar com a doença, é natural ter medo e querer fugir. Talvez neste momento, você volte aos seus dez anos de idade, quando simplesmente corria, ao perceber o perigo. Mas, é nesta hora que é preciso dar a resposta de um homem que teme, mas não foge. Ela te conhece e sabe que você dará para ela o seu máximo. Portanto, aperte as suas mãos na hora de prender o fòlego, na hora da prova, e tenha certeza que será mais fácil chegar à superfície e respirar de novo se estiverem juntos.
Hoje, os capítulos que eu e meu esposo escrevemos em nossa história são de um ótimo momento, de felicidade com a chegada do nosso filho Gabriel. Não sei se estaria valorizando tanto este tempo, se não tivesse passado por dias tão escuros. O câncer me fez amar mais a vida, me cuidar melhor! Então, se você está passando por isso, aguenta firme! Você poderá terminar esta luta percebendo em você sua melhor versão.
*Renata Vasconcelos é missionária da Comunidade Canção Nova, jornalista e autora do Livro Te Prometo ser fiel na saúde e na doença pela Editora Canção Nova.
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