Cidades

por Reginaldo Villazón

O crescimento da população mundial e sua transferência para as cidades são constatados em dados estatísticos eloqüentes. De 1950 a 2000, a população mundial passou de 2,5 para 6,0 bilhões de pessoas. No mesmo período, a taxa da população residente nas cidades passou de 30% para 50%. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2025 a população mundial será de 8,0 bilhões e a taxa de urbanização será de 63%. Isto quer dizer que as cidades terão relevância cada vez maior.

Garantir a sobrevivência de bilhões de pessoas nas cidades não será tarefa fácil nem isenta de riscos. Apenas fornecer bons serviços públicos – saúde, educação, transporte, segurança – não será suficiente. Se faltar abastecimento de itens de consumo obrigatório – energia, água, alimentos, produtos de higiene – haverá caos e desespero. Além disso, as pessoas das cidades terão que respirar ar puro, ter contato com a natureza, estabelecer relações afetivas com a comunidade e a arquitetura urbana.

Em várias partes do mundo este assunto já é prioridade. Planos de governo se tornam bons investimentos urbanos. Projetos privados beneficiam a vida urbana. As designações "cidades verdes", "cidades ecológicas", "cidades sustentáveis", "cidades eficientes", "cidades inteligentes", "cidades do futuro" conquistam mentes e corações. As pessoas percebem que, em primeiro lugar, a questão se refere à sobrevivência da espécie humana. Em segundo lugar, ela se refere à essencial harmonia de vida do planeta.

Podemos avaliar, de forma simples, temas urbanos importantes. As cidades que plantam e zelam das suas árvores formam um "pulmão verde" que atenua a temperatura ambiental e reduz o teor de gás carbônico no ar. As cidades que estimulam o uso de veículos elétricos e bicicletas evitam os engarrafamentos, diminuem os ruídos e melhoram a qualidade do ar. As cidades que modernizam a coleta e a reciclagem do lixo contribuem com a sustentabilidade e dispensam a formação dos grandes aterros sanitários.

No Brasil, em 2003 foi criado o Ministério das Cidades para prestigiar as cidades. Mas segue a tradição do uso político-partidário. A maior parte das cidades brasileiras não tem um plano de investimentos confiável – com prazos e recursos – para sanar problemas antigos, como abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto. Enquanto isso, em outros países, há cidades adiantadas investindo em segurança alimentar. Elas já produzem alimentos saudáveis em fazendas verticais urbanas de alta tecnologia.

A população das cidades brasileiras terá que se esforçar mais na defesa do progresso urbano, na modernização das suas localidades. Como se sabe, a classe política é muito conservadora. Demora a rever suas atitudes e não lidera movimentos progressistas. A liderança em favor das cidades deverá ser exercida por líderes de grupos sociais e empresariais. O apoio dos profissionais do sistema judiciário será indispensável. É óbvio que as pessoas que lutarem por suas cidades terão mais segurança, conforto e perspectivas.

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