As andanças do Bispo, D. Demétrio Valentini

(último capítulo)
13 - nossas raízes na Áustria

 
Não estava nos meus planos. Mas a última das viagens, para a Áustria, acabou trazendo um sabor especial. Como sempre, o convite chegou, insistente, de modo a não poder ser rejeitado: queriam lá minha presença, ainda em consequência dos tempos da CNBB, em que diversas vezes tinha entrado em contato com organizações da Áustria. Agora queriam que fizesse a conferência principal do congresso que estavam realizando. Ao chegar, senti o peso do compromisso, quando comecei a ver os cartazes que anunciavam a presença do "Bispo dos Excluídos"! Mas, deu para desempenhar bem, e foi possível conhecer mais de perto a Áustria, sua capital Viena, talvez a mais bonita das cidades da Europa, e também Salzburgo, onde se realizou o Congresso. Mas, enquanto viajava pelas regiões da Áustria, e ouvia as histórias daquele país, que até a primeira guerra mundial era uma potência mundial, e que agora se reduziu aos seus poucos 80 mil quilômetros quadrados, prensado entre oito países com quem faz fronteira (Itália, Suíça, Alemanha, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, Croácia e Romênia), me vinha à mente a história dos nossos avós. Quando eles nasceram, no norte da Itália, aquilo tudo era Áustria. Como muda o mundo em cem anos! Pensei no avô Bortolo Bertoldi, que gostava de falar em alemão. Parecia estar acompanhando meus passos pelas ruas de Viena, que fui percorrer numa noite fria, protegido com o capote que me emprestaram, na calma que a cidade permitia, sem mendigos, sem assaltantes, toda limpinha, tudo na mais perfeita paz. Depois de tanto apanhar com as guerras, os austríacos agora sabem preservar sua neutralidade, mesmo ouvindo o barulho dos combates na vizinha ex-Iugoslávia, que se esfacelou em tantos pequenos países.
14. A vida continua
O jornal acabou ficando longo. Agradeço a paciência em seguir os capítulos, que ficaram mais extensos do que tinha imaginado.
Haveria outras andanças a contar, compreendidas no período dos últimos anos que aqui estou como "Bispo de Jales". Em especial, as viagens para atender aos numerosos pedidos para refletir sobre o Concílio Vaticano II, na comemoração dos 50 anos de sua realização. Sobretudo pelo fato de eu ter acompanhado bem de perto o Concílio, enquanto estava fazendo meus estudos em Roma.
Agora, estou chegando perto também do meu jubileu, de ordenação sacerdotal.
Será um momento em que recordarei não só as andanças aqui relatadas, mas o percurso bem mais extenso de minha vida, vista à luz de minha vocação.
Tenho muitos motivos para agradecer a Deus. De uma coisa não posso me queixar: da saúde que Deus me deu, que me permitiu a sobrecarga de compromissos, com tantas andanças a realizar.
Que Deus abençoe a todos!


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