Ex boia- fria conclui mestrado em História

Horácio entre a orientadora Olga Brites- PUC e Maria do
Rosário da Cunha Peixoto-PUC, e Marcos Antonio da Silva-USP.
Essas pessoas fizeram parte da banca da Defesa do Mestrado
Horácio dos Reis Marques Ferreira é um dos grandes exemplos de que nunca é tarde para recomeçar ou voltar a estudar e de que a educação pode mudar a vida das pessoas. Pobreza, pouco estudo e muito trabalho desde criança e o esforço recompensado por uma carreira batalhada e almejada, de sucesso, principalmente entre os historiadores. O enredo tem uma peculiaridade especial: o protagonista, um ex boia- fria que se tornou Mestre no mês passado.
Natural de Pontalinda, Horácio sempre necessitou conciliar os estudos com o trabalho na lavoura para ajudar seus pais a complementarem a renda familiar. "Aos 6 anos de idade perdi meu pai mas continuei estudando e trabalhando na roça. Após concluir o ensino médio me matriculei no curso de Educação Artística da Unijales mas tive que interromper por não ter condições de pagar". Porém, mesmo com toda dificuldade encontrada, o ex boia- fria se matriculou no curso de História e graduou-se no ano de 2002 pela Unijales. "Da vivência familiar herdei a perseverança, a boa índole e a capacidade de enfrentar adversidades com coragem e bom humor".
No ultimo dia 28 de outubro, concluiu seu mestrado pela PUC – São Paulo defendendo a tese "Os boias- frias da cidade de Pontalinda. Trajetória e Cultura 1991/2010". Segundo o historiador, sua grande identificação com o tema o influenciou na escolha. "Toda a minha infância eu passei trabalhando na roça. Fui boia- fria até meus 28 anos. Estou orgulhoso em concluir meu mestrado este ano. Foi um trabalho diferente, pois ao mesmo tempo em que eu era o historiador, eu era o personagem da história", disse emocionado ao revelar também que a fonte oral do trabalho foi primordial no desenvolvimento da tese. "Ouvi muitos trabalhadores e conheci suas histórias".
É por razões como essa, uma história de perseverança e sucesso, que se deve sempre confiar na educação como algo que melhora vidas e realiza sonhos. A falta de credibilidade na educação pode tornar-se perigosa para a sociedade. (Daniel Zilio).

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