Um pacto republicano, para o Brasil

*Dirceu Cardoso

O encontro da presidenta com os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo com o propósito de trabalharem juntos no programa "Brasil Sem Miséria", enche de esperanças não só os miseráveis, mas a população, cansada de ver os políticos de diferentes facções agindo como inimigos, não como simples adversários que são. Faz crer que, num ambiente como este que se cria, haverá menos espaço para aqueles que procuram construir o sucesso exclusivamente sobre o fracasso do adversário, numa luta onde ambos se esquecem do povo, único e verdadeiro destinatário de sua atividade. A teoria do "quanto pior, melhor", então, deverá estar sepultada, definitivamente.
Incorrigível otimista, apesar da língua afiada para criticar, o brasileiro volta a se entusiasmar com política e com a real possibilidade de, através dela e de seus operadores diretos, poder resolver os problemas nacionais, estaduais e municipais. Espera que Dilma continue firme na "faxina" iniciada no governo e que, uma vez afinados, os governadores e principalmente os prefeitos, sejam capazes de também "faxinar" para, com isso, livrar a administração pública brasileira dos vícios e da impunidade que fizeram a má fama do meio e da classe que nele atua.
Já estamos fartos de ver integrantes de uma esfera de poder tentando transferir suas responsabilidades para outras instâncias e de políticos e partidários referirem-se a adversários como se bandidos fossem. Também vimos, enojados, os expedientes criminosos que forjaram "dossiês" e outros artifícios com objetivos meramente eleitorais. Tudo isso não terá mais lugar no novo pacto que começa a se desenhar e só depende da própria classe política para evoluir e dar certo.
Além dos governantes e seus auxiliares, os parlamentares de todas as instâncias precisam aceitar que a política não é um jogo de vale-tudo. Deve valer apenas o interesse da sociedade, a quem a classe tem o dever de servir. Não se deve, por exemplo, lutar até a exaustão e a falta de ética para abrir ou deixar de abrir uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). O que deve presidir a abertura (ou não) de processos investigativos é o indício do cometimento de irregularidades, jamais o interesse político ou partidários de grupos. A oposição, em vez de tentar fazer da CPI uma fogueira que lhe renda dividendos, deve encará-la como instrumento eliminador de dívidas. Da mesma forma, a situação tem nessa instituição um foro para colocar claros os acontecimentos e fazer as necessárias correções. Até os acusados diretos devem ter interesse na investigação, como chance de defesa.
Nunca é demais pensar que o país será melhor no dia em que o povo tiver condição de voltar a respeitar e acreditar na classe política. Mas tudo depende da própria classe...
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves – dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) aspomilpm@terra.com.br

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