Aprenda ler com prazer

*Rosilene Lansoni
Diariamente o sujeito se constrói enquanto leitor, quando lê à sua volta o mundo que o cerca e, nesse mundo, os textos com os quais vai compondo suas histórias de leitura. Caminhos que podem ser longos ou não, depende apenas de qual direção você quer tomar e o que fazer ao se posicionar. É essencial que você mesmo descubra qual tipo de leitura o atrai, qual gênero o fascina, não obrigatoriamente os clássicos ou o texto literário pois não são as únicas ou as mais corretas indicações de leitura, pelo contrário, quem deve vislumbrar através da linhas e ler nas entre linhas é quem está por trás das linhas. Você!
Então, como querer possuir um hábito de leitura, sendo que a palavra hábito segundo o dicionário Aurélio significa: 1.Inclinação ou disposição para agir do mesmo modo em determinadas situações. 2 Comportamento particular, costume, jeito. Por isso, não se deve falar em hábito de leitura. Hábito implica repetição freqüente de um ato.
A leitura precisa estar associada ao prazer, requer um exercício diário de conquista, de envolvimento, de diálogo com o outro, de sedução. No intuito de desenvolver, desde a mais tenra idade, o prazer da leitura, a educação infantil deve oferecer oportunidades de leituras variadas, leitura não apenas de textos escritos, mas a própria leitura e interpretação do mundo em que a criança está inserida e do qual faz parte como ator social.
Há várias formas de transfigurar a leitura, pode ser através das letras, como tradicionalmente conhecemos e admiramos muitíssimo, pode ser sentida através da releitura de uma obra de arte e mais ainda, a criança é capaz mesmo sem saber ler ou escrever, de ouvir uma história e reproduzi-la com gestos, sorrisos, outros encantamentos, ela vai além, sendo protagonista da historia ouvida, fazendo o reconto da mesma, sendo capaz de associar o fictício e imaginário com fatos da vida real.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais,... Se os sentidos construídos são resultado da articulação entre as informações do texto e os conhecimentos ativados pelo leitor no processo de leitura, o texto não está pronto quando escrito: o modo de ler é também um modo de produzir sentidos. (PCN - Língua Portuguesa, p. 70-1)
Infelizmente não existe uma receita, um manual ou algo pronto que possa ser seguido como uma instrução para se ensinar a gostar de ler. Deveríamos ter essa consciência, nem todo mundo que aprendeu a ler gostará de ler. O prazer de ler é outra coisa, isso não se ensina, deve ser despertado e por incrível que pareça o gosto pela leitura nasce a partir do momento em que realizamos o próprio ato de ler, onde aquilo que lemos possui algo que mexe com as nossas emoções, que provoca nossos sentidos, transforma as letras em viagem, acelera a fantasia e dá asas a imaginação, transladando-nos do real para o imaginário. É uma experiência pessoal e intransferível.
Pensadores como Paulo Freire apontam para o reconhecimento de que a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura da palavra escrita implica na ampliação da possibilidade de leitura do mundo. Assim, concluímos que o não-desenvolvimento de bons leitores limita as possibilidades de leitura do mundo, da compreensão da realidade social e da intervenção do sujeito buscando a transformação da sociedade. * Rosilene Aparecida Trídico Lansoni, pós-graduada em Psicopedagogia pelas Faculdades Integradas de Pereira Barreto – e-mail: rosi_lanzoni@yahoo.com.br

Comentários