Estrabismo adulto pode ser corrigido

A falta de alinhamento dos olhos que caracteriza o estrabismo, normalmente acomete crianças nos primeiros anos de vida, mas também atinge adultos. Trata-se do estrabismo adquirido. Segundo a oftalmologista Dorotéia Matsuura, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), o estrabismo adquirido pode ser corrigido e o paciente consegue restabelecer a qualidade de visão, além de ganhar melhora estética.

Estima-se que o estrabismo ocorra em 3% da população. “Os tipos mais frequentes são o estrabismo convergente, quando o desvio do olho é para dentro e o estrabismo divergente, definido pelo desvio para fora”, explica a oftalmologista.
Quanto ao período em que o desvio dos olhos torna- se perceptível, pode ser congênito, evidente desde o nascimento; infantil, quando se revela na infância ou ainda adquirido, nas situações em que se manifesta na fase adulta.
Entre as causas do estrabismo adquirido estão os traumatismos crânio-encefálicos, normalmente resultantes de acidentes automobilísticos ou quedas, também as doenças sistêmicas como hipertensão arterial, aneurismas cerebrais, AVCs, diabetes, disfunções da tireóide, doenças neuro-musculares degenerativas (como miastenia), tumores ou idade avançada, podem ter como consequência o desvio dos olhos.
Cirurgia e botox - A ciência avançou no sentido de corrigir o estrabismo adquirido por meio de cirurgia, indicada nos casos de pequenos desvios, bem como a prescrição de óculos com prismas adequados e a aplicação de toxina botulínica, o botox, com esta finalidade.
De acordo com Dorotéia Matsuura, “a cirurgia de correção do estrabismo adquirido consiste em uma interferência sobre os músculos oculares para realinhar os olhos”.
Os adultos estrábicos desde a infância ou nascimento, também podem submeter-se à operação para alinhamento ocular e se beneficiarem com alguns ganhos, “mas é muito difícil ter como resultado a visão binocular (nos dois olhos) restabelecida nesses casos”, observa a médica.
A queixa principal de adultos diante do estrabismo é a diplopia (visão dupla), que causa transtornos à rotina de vida dos portadores. “Muitos pacientes reclamam de dificuldades para dirigir em razão da perda de noção da distância e da profundidade, também relatam desconforto para subir escadas e até para caminhar”, descreve Dorotéia.
Atenção - Em relação ao estrabismo infantil e congênito, os tratamentos existentes têm resultados positivos quando realizados na fase adulta, mas não com a mesma eficiência encontrada em portadores que fizeram a correção quando crianças. A oftalmologista do HOB ressalta a importância de que pais e professores mantenham-se atentos aos menores sinais de estrabismo nas crianças e os levem ao oftalmologista para diagnosticar o estrabismo em sua manifestação mais precoce, para evitar problemas visuais permanentes.
Limite - “A diferença de alinhamento entre os olhos pode causar a ambliopia, que é a diferença da qualidade da visão entre os olhos. Este dano visual pode ser reparado somente até o sexto ano de vida da criança. Depois disso, o sistema neurológico-visual da criança estará completamente desenvolvido e já não há mais condições de se obter os melhores resultados”, alerta.
Para tratar o estrabismo na criança, cuida-se primeiro da ambliopia, com a indicação de tampões que estimulam o olho que tem menor qualidade de visão. Em seguida, indica-se a cirurgia para alinhamento ocular, o que poderá desenvolver um pouco da visão nos dois olhos, relata a oftalmologista. Em alguns casos, como o do estrabismo acomodativo, também são prescritos óculos para as crianças.
Para a médica do HOB, a avaliação da cirurgia de estrabismo tanto para promover o alinhamento ocular, quanto para restaurar a binocularidade em qualquer época da vida é importante e leva a resultados de aumento da qualidade visual.

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