Setor elétrico precisa ser reestruturado

*Aloysio Nunes
 
Os apagões no Brasil começam a virar rotina e despontam como a ponta do iceberg do descontrole e falta de planejamento do Sistema Elétrico brasileiro e colocam em risco nosso necessário crescimento sustável da economia brasileira.

Sob o comando da ex-ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff a política para o setoroptou por investimentos em geração de energia e abandonou à própria sorte a malha de distribuição, hoje sucateada.
Para piorar ainda mais a situação, a ex-ministra optou pelo “critério da modicidade tarifária”, ao planejamento do setor como um todo. A modicidade tarifária é importante porque a energia elétrica é um bem de primeira necessidade e tem que ser acessível a todas as pessoas.
Entretanto, ela não pode ser vista como um critério isolado de qualidade. Como única opção, ela promoveu o descaso com a qualidade de todo o sistema, como os brasileiros, impotentes, assistem nos últimos anos.
Por outro lado, pode-se concluir que apenas a opção pela modicidade tarifária tenha sido mais uma estratégia eleitoral do partido do governo do que o de planejamento do sistema elétricobrasileiro como um todo.
Hoje, o que assistimos é uma desenfreada guerra pela divisão fisiológica das empresas que fazem parte do sistema, do que a busca pelo planejamento e diversificação da matriz energética do país. As empresas que compõem o sistema são enclaves de grupos, clãs e partidos políticos preocupados em manter suas posições e os benefícios que podem lhes favorecer.
A estrutura como está compromete o crescimento sustentável brasileiro, provoca prejuízo a milhões de micro, pequenos e grandes empresários além dos trabalhadores que assistem ao retorno do país aos anos 50 do século passado, quando velas e lampiões eram as únicas opções à falta de investimentos em geração e distribuição de energia elétrica.
No ano passado foram mais de 90 desligamentos que provocaram prejuízos incalculáveis com a perda de mais de 100 megawatts de energia. Perdem-se desde grandes e caríssimos equipamentos, como fornos industriais que nunca podem ser desligados e que custam milhões de reais até produtos eletrônicos comprados com sacrifício, e pagos mês a mês, por consumidores residenciais.
Sem falar, é claro, no transtorno e prejuízo de milhões de trabalhadores por causa do desligamento dos sistemas de trânsito dos grandes centros urbanos.
No meio deste contexto de luta interna pelo poder dentro das empresas do sistema elétricoabandona-se o planejamento, a busca pela excelência técnica e a manutenção e normalidade da rede, despreza-se a busca pela diversificação da matriz energética, ampliação e manutenção da correta da malha de distribuição que sucateia dia-a-dia.
A complacência com que o governo federal assiste inerte, à guerra fraticida dentro do sistemaelétrico brasileiro, pode comprometer o desenvolvimento da economia nacional e fazer com que o país perca a grande oportunidade de manter seu ritmo de crescimento e sua inserção política como um dos principais atores da política global iniciadas no governo FHC.
E. em meio a degradação do sistema elétrico brasileiro, agora em fevereiro, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou 11 concessionárias de distribuição a elevarem suas tarifas em estados como São Paulo e Paraná. *Aloysio Nunes Ferreira Filho é senador da República pelo PSDB

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