*Silvio Luiz Lofego
Uma preocupante constatação tem sido feita nas universidades brasileiras: o desinteresse pela carreira de professor. De norte a sul do Brasil, as instituições que oferecem cursos de licenciatura tem se defrontado com a baixa procura. Levantamento realizado pela Fundação Victor Civita, do Grupo Abril, mostra que dos 1500 alunos do Ensino Médio de escolas públicas e particulares pesquisados, apenas 2% manifestaram a opção por um curso de licenciatura.
Dentre as razões que podem explicar o fato está a perda do “glamour” ao longo dos anos e o surgimento de profissões que ganharam evidência na mídia, atraindo o interesse do jovem sem avaliar a realidade do mercado. Em razão das mudanças tecnológicas, bem como a transformação da ideia do “novo” em mercadoria, surgiram muitos cursos prometendo formar com o rótulo de “profissão do futuro”. Esse fenômeno não é tão novo. Há tempos, os cursos de Turismo estavam com as salas lotadas devido à difusão da ideia midiática de que essa seria a profissão da vez. Um equívoco. O curso praticamente desapareceu em pouco tempo. Enquanto a mídia lança as novidades profissionais para jovens indecisos, a profissão de professor sofre constantes ataques em matérias que dramatizam a carreira enfocando apenas os aspectos negativos.
Desse modo devemos analisar alguns fatores. Existe alguma carreira que garanta a todo recém-formado retorno imediato? Existe alguma formação que não ofereça risco de desemprego? Existe alguma profissão que não leve certo tempo para a estabilização? Existe algum curso que não exija uma formação contínua? A resposta é não! Nenhuma profissão está segura se não houver muito empenho do profissional. Ninguém alcança altos patamares salariais sem investir constantemente na sua formação.
É nesse aspecto que também devemos avaliar a carreira do professor. Pois bem, depois de formados muitos se esqueceram de investir no aprimoramento profissional e terão, obviamente, como outro profissional qualquer dificuldade para evoluir no mercado de trabalho, embora praticamente todos que se formaram professores, hoje, dão aula, especialmente os formados em História. A falta de professor nesta área já é sentida em diversas partes do Estado e do país. Em Araraquara, por exemplo, alunos de uma Escola de Ensino Médio boicotaram o SARESP porque não tiveram aulas de História durante o ano.
Cabe lembrar que a profissão de professor é pré-requisito para todas as demais profissões. Ou seja, sem ele não há como formar médico, advogado, engenheiro, dentista... Nesse sentido, aqueles que ingressarem num curso de licenciatura possuem a chance de se tornarem profissionais altamente disputados no mercado de trabalho.
Contribui para um olhar negativo da carreira do magistério, quando se analisa as profissões em termos salariais. Atualmente, costuma-se julgar a remuneração da carreira de professor pelo menor salário. Esquece-se do conjunto. Nesse caso, é importante, para uma análise segura, olhar comparativamente todos os cargos, em todas as escalas (do menor para o maior salário). Se fizermos isso, vamos nos surpreender com o exagero que há quando se fala do professor. De tal modo, quem fizer uma pesquisa sobre o salário inicial de todas as profissões vai pensar seriamente em ser docente. Um levantamento rápido sobre a remuneração de tais profissionais, de modo geral, pode apontar o quanto é significativa a parcela de professores que ganham mais de 5 mil reais, podendo chegar a mais de 10 mil, dependendo da Instituição.
No Estado de São Paulo, desde 2009, existe o Programa Valorização pelo Mérito. O Programa propõe evolução salarial para os profissionais de educação, com base no mérito, que será medido por meio de provas e de uma "análise da vida funcional do integrante do magistério nos anos anteriores". Se for bem sucedido no Programa o professor alcançará o teto salarial de R$ 6.270,78 (Diário Oficial do Estado de São Paulo – 15 de agosto de 2009). Assim sendo, para estabelecermos uma análise comparativa, não podemos olhar apenas pela ótica da jornada básica inicial do Estado, mas para o conjunto da carreira de docentes tanto de instituições particulares, como a rede SESI, por exemplo, e daqueles que alcançaram patamares salariais bons, mesmo no Estado. Além da questão salarial, o professor goza de férias duas vezes ao ano, ou tem pelo menos 60 dias de descanso. Para os efetivos do Estado existe ainda a licença prêmio a cada cinco anos (sem exceder em faltas) que concede três meses de folga.
É importante ressaltar que, para quem ingressa num curso de licenciatura, numa instituição como a Unijales, instituição pioneira na região, pode ainda fazer um curso de Pós-Graduação e, desse modo, ampliar o leque do campo de atuação. No curso de História, por exemplo, temos muitos ex-alunos dando aula em faculdade tanto em Jales, como em diversas regiões do Brasil. Aos indecisos, asseguro: eu sou professor e isso me faz ter uma certeza: nunca vai me faltar trabalho. E veja que eu me formei numa época em que se formava 10 vezes mais professores do que hoje. Imaginem daqui alguns poucos anos. Por isso, falo com tranqüilidade: optar por uma licenciatura é optar pela certeza de um futuro promissor.
Lembrando que quem faz História na Unijales (além de História e Ensino Religioso) pode dar aulas de Filosofia, Sociologia e Geografia na ausência de licenciados nessas disciplinas. *Silvio Luiz Lofego é Coordenador do Curso de História e Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unijales
Uma preocupante constatação tem sido feita nas universidades brasileiras: o desinteresse pela carreira de professor. De norte a sul do Brasil, as instituições que oferecem cursos de licenciatura tem se defrontado com a baixa procura. Levantamento realizado pela Fundação Victor Civita, do Grupo Abril, mostra que dos 1500 alunos do Ensino Médio de escolas públicas e particulares pesquisados, apenas 2% manifestaram a opção por um curso de licenciatura.
Dentre as razões que podem explicar o fato está a perda do “glamour” ao longo dos anos e o surgimento de profissões que ganharam evidência na mídia, atraindo o interesse do jovem sem avaliar a realidade do mercado. Em razão das mudanças tecnológicas, bem como a transformação da ideia do “novo” em mercadoria, surgiram muitos cursos prometendo formar com o rótulo de “profissão do futuro”. Esse fenômeno não é tão novo. Há tempos, os cursos de Turismo estavam com as salas lotadas devido à difusão da ideia midiática de que essa seria a profissão da vez. Um equívoco. O curso praticamente desapareceu em pouco tempo. Enquanto a mídia lança as novidades profissionais para jovens indecisos, a profissão de professor sofre constantes ataques em matérias que dramatizam a carreira enfocando apenas os aspectos negativos.
Desse modo devemos analisar alguns fatores. Existe alguma carreira que garanta a todo recém-formado retorno imediato? Existe alguma formação que não ofereça risco de desemprego? Existe alguma profissão que não leve certo tempo para a estabilização? Existe algum curso que não exija uma formação contínua? A resposta é não! Nenhuma profissão está segura se não houver muito empenho do profissional. Ninguém alcança altos patamares salariais sem investir constantemente na sua formação.
É nesse aspecto que também devemos avaliar a carreira do professor. Pois bem, depois de formados muitos se esqueceram de investir no aprimoramento profissional e terão, obviamente, como outro profissional qualquer dificuldade para evoluir no mercado de trabalho, embora praticamente todos que se formaram professores, hoje, dão aula, especialmente os formados em História. A falta de professor nesta área já é sentida em diversas partes do Estado e do país. Em Araraquara, por exemplo, alunos de uma Escola de Ensino Médio boicotaram o SARESP porque não tiveram aulas de História durante o ano.
Cabe lembrar que a profissão de professor é pré-requisito para todas as demais profissões. Ou seja, sem ele não há como formar médico, advogado, engenheiro, dentista... Nesse sentido, aqueles que ingressarem num curso de licenciatura possuem a chance de se tornarem profissionais altamente disputados no mercado de trabalho.
Contribui para um olhar negativo da carreira do magistério, quando se analisa as profissões em termos salariais. Atualmente, costuma-se julgar a remuneração da carreira de professor pelo menor salário. Esquece-se do conjunto. Nesse caso, é importante, para uma análise segura, olhar comparativamente todos os cargos, em todas as escalas (do menor para o maior salário). Se fizermos isso, vamos nos surpreender com o exagero que há quando se fala do professor. De tal modo, quem fizer uma pesquisa sobre o salário inicial de todas as profissões vai pensar seriamente em ser docente. Um levantamento rápido sobre a remuneração de tais profissionais, de modo geral, pode apontar o quanto é significativa a parcela de professores que ganham mais de 5 mil reais, podendo chegar a mais de 10 mil, dependendo da Instituição.
No Estado de São Paulo, desde 2009, existe o Programa Valorização pelo Mérito. O Programa propõe evolução salarial para os profissionais de educação, com base no mérito, que será medido por meio de provas e de uma "análise da vida funcional do integrante do magistério nos anos anteriores". Se for bem sucedido no Programa o professor alcançará o teto salarial de R$ 6.270,78 (Diário Oficial do Estado de São Paulo – 15 de agosto de 2009). Assim sendo, para estabelecermos uma análise comparativa, não podemos olhar apenas pela ótica da jornada básica inicial do Estado, mas para o conjunto da carreira de docentes tanto de instituições particulares, como a rede SESI, por exemplo, e daqueles que alcançaram patamares salariais bons, mesmo no Estado. Além da questão salarial, o professor goza de férias duas vezes ao ano, ou tem pelo menos 60 dias de descanso. Para os efetivos do Estado existe ainda a licença prêmio a cada cinco anos (sem exceder em faltas) que concede três meses de folga.
É importante ressaltar que, para quem ingressa num curso de licenciatura, numa instituição como a Unijales, instituição pioneira na região, pode ainda fazer um curso de Pós-Graduação e, desse modo, ampliar o leque do campo de atuação. No curso de História, por exemplo, temos muitos ex-alunos dando aula em faculdade tanto em Jales, como em diversas regiões do Brasil. Aos indecisos, asseguro: eu sou professor e isso me faz ter uma certeza: nunca vai me faltar trabalho. E veja que eu me formei numa época em que se formava 10 vezes mais professores do que hoje. Imaginem daqui alguns poucos anos. Por isso, falo com tranqüilidade: optar por uma licenciatura é optar pela certeza de um futuro promissor.
Lembrando que quem faz História na Unijales (além de História e Ensino Religioso) pode dar aulas de Filosofia, Sociologia e Geografia na ausência de licenciados nessas disciplinas. *Silvio Luiz Lofego é Coordenador do Curso de História e Diretor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unijales
Na boa...professor vive de ilusão e de um glamour do passado
ResponderExcluir