O papel dos pais na prevenção das drogas

*Higor Jorge


O nosso dia a dia tem nos aproximado da realidade de muitos lares da nossa cidade de Santa Fé do Sul e região. Lares em que falta dinheiro, falta comida, falta amor, falta respeito, falta dignidade, mas muitas vezes não faltam as drogas.

Diante disso é importante considerar que as drogas são substâncias, não produzidas pelo organismo, que possuem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações no seu funcionamento e, em diversos casos, fazendo com que a pessoa tome certas atitudes que se arrependa depois de algum tempo.
Quando falamos sobre as drogas que encontramos nos lares destas pessoas, estamos tratando não apenas daquelas consideradas ilícitas (proibidas), como a maconha, o crack, a cocaína, o LSD, o ecstasy, etc, mas também das drogas chamadas lícitas (permitidas), como por exemplo, o cigarro, o álcool e medicamentos.
Para se tornar um dependente químico (que alguns chamam de viciado em drogas) basta inicialmente experimentar. Normalmente a criança ou adolescente experimenta, passa a utilizar a droga em determinados períodos e sem que perceba, em pouco tempo, não consegue mais viver sem consumir drogas.
O mais triste é que na maioria dos casos os “amigos” ou outras pessoas próximas do dependente que lhe convencem a experimentar. Em pouco tempo ele se torna um escravo do vício e perde tudo que tem pela droga.
Sempre lembramos aos jovens que o caminho de um dependente químico costuma ser o hospital psiquiátrico, a penitenciária ou cemitério, pois estes são os únicos caminhos para aquele que não consegue deixar o vício.
Diante destes fatos, os pais têm um dever muito importante no sentido de orientar seus filhos, divulgar os efeitos maléficos das drogas e observar a rotina do filho.
Nada disso tem sentido se o diálogo entre pais e filhos não for muito franco e legítimo. Falo em legítimo tendo em vista que os pais além de conversarem bastante com os filhos devem dar exemplos, devem mostrar que suas ações são semelhantes as suas palavras, devem demonstrar que elas são reflexo do que eles fazem. Pouco adianta os pais cobrarem uma postura correta dos filhos se na sua vida privada não agem de acordo com o que dizem.
Quem não imagina uma pessoa que recebe troco acima do que deveria receber e não devolve, que faz questão de furtar pequenos objetos, que tem orgulho de agir levando vantagem sobre outras pessoas, que se acha um espertalhão e que seu filho vendo os exemplos de falta de caráter se torna um criminoso ou uma pessoa também sem caráter.
Todo filho vê no pai a sua referência, o seu porto seguro, o seu exemplo, por isso muitas vezes pais usuários de drogas têm mais chances de seus filhos também se tornarem dependentes. Além disso, algumas drogas fazem com que os filhos nasçam com predisposição genética para o consumo de drogas.
Apesar desse problema da predisposição genética é necessário lembrar que todas as pessoas têm livre arbítrio, ou seja, todos agimos de acordo com nossos desejos e recebemos as conseqüências dos nossos atos.
Experimentar ou não uma droga é uma decisão que tem que ser tomada pelo indivíduo, que deve levar em consideração as conseqüências e nada como visitar uma clínica de recuperação de dependentes químicos para ter um exemplo de como as drogas são capazes de destruir a dignidade da pessoa, dissolver famílias e fazer com que o dependente mergulhe em um poço, cada vez mais profundo, chamado vício, que sem dúvida alguma proporcionará muito sofrimento e tristeza para o dependente e, acima de tudo, para as pessoas que nutrem amor e carinho por ele.
É notório que muitas destas pessoas em tratamento nestas clínicas conseguem deixar a dependência, mas infelizmente para isso são submetidos a muito sofrimento e a todo momento necessitam renovar o desejo de não ter uma recaída, o que não é fácil.
Você que é pai ou mãe deve fazer a sua parte, converse com seu filho, seja amigo(a), exija que ele seja uma boa pessoa, mas também nunca se esqueça de manter um diálogo franco e legítimo, além de ser um bom exemplo, para que um dia ele tenha orgulho de ser uma pessoa com os mesmos predicados do que você.
*Higor Vinicius Nogueira Jorge é delegado de polícia, professor de análise de inteligência da Academia da Polícia Civil, professor universitário, presidente do Conselho Municipal Antidrogas de Santa Fé do Sul e especialista em polícia comunitária. Site: www.higorjorge.com.br

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