Apresentação em congresso brasileiro vira lição de vida

Por Ana Lucia Caparoz

Histórias de amor e de superação são, geralmente, comoventes! Mas a de Luiz Fernando Muniz de Castro e de sua mãe Aparecida ultrapassa o imaginário de qualquer narrativa desse tipo. E as descobridoras dos personagens são professoras que, com muita delicadeza, relataram a história de vida de um aluno do curso de Educação Física da Unijales em um trabalho que foi apresentado no Congresso Brasileiro de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana, em São José do Rio Preto, no mês de outubro.

Mais do que uma análise sobre a representatividade do ingresso na vida acadêmica de um jovem que apresenta seqüelas motoras leve na de sua mãe, que mudou o rumo de sua vida, temos um exemplo de doação, aprendizado e amor... Aquele amor que falta em quase todas as relações e que é capaz de modificar a história da humanidade.
Aparecida percebeu que o filho teve paralisia cerebral leve ao nascer e a causa não foi identificada. O garoto apresentou desenvolvimento mais lento do que as outras crianças e durante 6 anos fez equoterapia para que, aos 10, começasse a dar os primeiros passos sozinho. Muitos médicos afirmavam que o menino não deveria freqüentar a APAE e provando tal diagnóstico, Fernando concluiu o Ensino Fundamental e o Médio sempre ajudado pela mãe, pelos professores e amigos que apoiavam psicológica e fisicamente o estudante que não conseguia ficar em pé sozinho. Em eventos na escola como, por exemplo, na festa junina, os colegas da sala encostavam-se à parede para que Fernando pudesse sair na fotografia sem apoio. Durante as apresentações musicais, as professoras ficavam abaixo do palco segurando o garoto que sempre mostrou-se intelectualmente desenvolvido e bastante dedicado. Fora da escola, Luiz fez primeira comunhão e aulas de piano.
E a determinação do rapaz permitiu que aos 18 anos ele prestasse vestibular e hoje, aos 20, estivesse no 2º ano de Educação Física. “Escolhi este curso porque gosto de esporte e porque quero cuidar de mim”, explica ele.
Dona Aparecida, como toda mãe, sempre quis que o filho fizesse uma faculdade, mas ficou bastante preocupada com a opção do curso. E então ela fez o que talvez nem toda mãe faria, matriculou-se na sala de Luiz para estudar junto dele. “Nunca pensei em acompanhá-lo na universidade, mas Fernando me vê como um incentivo. Apesar da minha idade, das viagens diárias de General Salgado, onde moramos, até Jales e do cansaço, isso tudo é motivo de orgulho e por isso sigo em frente”, relata.
O estudante vê a mãe como uma colega de sala e como alguém com quem troca experiências, “ele tira notas bem maiores do que as minhas e me ensina sobre vários assuntos”, orgulha-se Aparecida que ainda explica, “hoje entendo que meu filho só está em busca da sua melhora e já apresentou uma evolução muito grande: está mais confiante e com mais autoestima, sua locomoção e seu equilíbrio melhoraram e com a socialização, sua felicidade é aumentou”.
Luiz Fernando tem limitações para escrever e mostra-se frágil em algumas atividades devido aos problemas de locomoção, mas
realiza todas as provas escritas e práticas sem ajuda e no tempo e à maneira dele. “Como escreve mais devagar, aumentamos o período de realização das provas”, explica a professora Graziela Pascon que garante, juntamente dos outros professores e da coordenadora Viviane Kawano Dias, “ele é um dos melhores alunos do Curso”.
Juntos, mãe e filho são queridos por todos os colegas, professores e funcionários da instituição. Não é difícil encontrar demonstrações de carinho, como os conhecidos montinhos (abraços mútuos) em Fernando durante as aulas na quadra ou no campo. “Não sofremos nenhum tipo de preconceito, pelo contrário, o respeito e a ajuda dos colegas são os responsáveis pela nossa permanência no Curso e pela melhoria em nossas vidas”, confessa Aparecida.
E o jovem nem pensa em parar e, diante da vontade de superar os obstáculos e do conhecimento adquirido no Curso, matriculou-se numa academia de musculação em sua cidade.
Para a coordenadora da Unijales, Fernando é a evidência de que as instituições e os profissionais devem estar preparados para atender alunos especiais e conclui, “Luiz Fernando não recebe atenção e carinho diferenciados, ele simplesmente recebe de volta aquilo que dá às pessoas”.
E como terminam as verdadeiras histórias de amor e de superação... Luiz e sua mãe vivem muito felizes e farão de tudo para continuarem assim. Ana Lucia Caparroz, assessoria de imprensa do Centro Univesitário de Jales – Unijales

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