25 de julho – Dia do Motorista

O Dia do Motorista, 25 de julho, é uma boa oportunidade para alertar estes profissionais sobre como identificar e tratar distúrbios do sono que causem sonolência excessiva para garantir segurança nas estradas e qualidade de vida. “É importante que fiquem atentos à necessidade de adotar hábitos mais saudáveis, bem como prevenir e tratar de seus problemas de saúde, gerados pela rotina estressante de trabalho - muitas vezes com uma jornada superior a 12 horas diárias”, afirma Flávio Alóe, médico neurologista especializado em distúrbios do sono do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

“Entre todos estes males, acredito que um dos que mais afetam o dia a dia e a qualidade de vida dos motoristas são os distúrbios do sono, em função do desrespeito ao ritmo do organismo e do estresse gerado pela atividade”, diz Alóe. Segundo ele, a sonolência excessiva causada pela privação de sono ou pela troca de turnos de descanso (dia pela noite) amplia os riscos de acidentes automotivos e ocupacionais por prejudicar a atenção, reflexos a memória e a capacidade de concentração, além de provocar irritabilidade.
No Brasil, desde fevereiro de 2010, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) publicou a resolução 267, que estabelece que os motoristas profissionais devem fazer exames de qualidade de sono, com testes inclusive para identificar apneia, para renovar a Carteira Nacional de Habilitação - CNH. Para Alóe, esta medida já resulta da constatação de que os transtornos do sono afetam a qualidade de vida e são responsáveis por diversos acidentes. “Porém, infelizmente, não há dados recentes e confiáveis sobre ocorrências de trânsito e incidentes de trabalho, provocados por sonolência excessiva no País”, completa o especialista.
Nos EUA, a National Highway Traffic Safety Administration (www.nhtsa.org), associação americana que regula a segurança de tráfego nas grandes rodovias, estima que ocorrem, anualmente, 100 mil acidentes relacionados com privação de sono, o que gera 1.550 mortes e 71 mil lesionados e prejuízos correspondentes a US$ 12,5 bilhões por ano. Em países da Europa, como Austrália, Finlândia e Inglaterra, entre outros, estima-se que a sonolência ao volante é responsável de 10 a 30% de todos os acidentes de carro nas estradas. Alóe acredita que o percentual de acidentes brasileiros também seja alto, porém muitos motoristas não identificam os distúrbios do sono, não procuram um especialista para se tratar ou se automedicam, postergando o diagnóstico e o tratamento, o que pode causar com o tempo o agravamento da doença.
De acordo com o neurologista, dirigir um veículo é uma tarefa cognitiva e perceptiva, complexa e dinâmica, o que torna fundamental que a pessoa apresente um nível adequado de vigilância que á a base da atenção, coordenação motora e tempo de reação coerente com as exigências da máquina e com as ocorrências da estrada. “Por isso, a sonolência e a privação de sono colaboram para aumentar de modo considerável os riscos de acidentes veiculares, pois reduzem o nível de vigílancia necessária para conduzir o veículo com segurança. Quanto mais intensa a sonolência, maior o risco de acidente, exigindo maior esforço consciente para permanecer alerta e maior o grau de desatenção e redução dos reflexos”, ressalta o médico. Portanto, ao perceber sintomas significativos de sonolência, o motorista deve imediatamente interromper a condução do veículo para evitar a ocorrência iminente de um acidente.
“A sensação de sonolência é o marcador mais robusto e confiável de risco de vida para o motorista e para os outros usuários da via. Por esta razão, a percepção da intensidade do sono deve ser respeitada, bem como devem ser evitada a automedicação para manter-se acordado, pois a vida é mais importante que o cumprimento do prazo”, alerta o médico.
O especialista ilustra a gravidade da sonolência afirmando que estudos comprovam que uma noite de sono não dormida produz déficits operacionais em motoristas profissionais semelhante ao gerado por um nível de alcoolemia de 0,10%, sendo que no Brasil a “Lei Seca” determina que o consumo máximo de álcool antes de assumir o volante é quase zero - 0,2 grama por litro de sangue.

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