Câncer do colo do útero está entre os cânceres que mais mata no Brasil

Curitiba – O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer que mais mata as mulheres no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), do Ministério da Saúde. Para cada 100 mil habitantes, 19,18 mulheres morreram, entre os anos de 2008 e 2009. O câncer de colo de útero fica atrás apenas do câncer de mama, com 50,71 casos.

De acordo com o Inca há, aproximadamente, 500 mil novos casos anuais no mundo, sendo responsável pela morte de 230 mil mulheres por ano. No Brasil, para 2010, as pesquisas estimam que ocorram 18.430 mortes pela doença. Mas este dado alarmante poderia ser evitado com medidas preventivas simples. Hoje, sabe-se que este tipo de câncer está associado diretamente à infecção por um dos 15 tipos oncogênicos do vírus HPV. De acordo com o oncologista do Hospital Santa Cruz, Dr. Guilherme Cidade Crippa, esta infecção poderia ser impedida com o uso de preservativos durante a relação sexual. “O início precoce da atividade sexual, e a multiplicidade de parceiros sexuais sem a devida proteção, são os principais fatores de risco para obter a doença”, explica o médico.
Além desses, há outros fatores menores, mas que também envolvem algumas mulheres de grupos de risco, como as tabagistas, além das que fazem baixa ingestão de vitaminas e o uso de contraceptivos orais. “Este último fator não parece aumentar por si só o risco de câncer, mas está associado, pois as usuárias teriam uma tendência maior de não utilizar preservativos do que as não usuárias, expondo-se assim mais frequentemente ao vírus”, explica o médico.
A vacina do HPV é uma grande aliada na prevenção da infecção pelo vírus de papiloma humano (HPV), grande causador do câncer do colo do útero. De acordo com Dr. Crippa, no Hospital Santa Cruz houve excelentes respostas ao tratamento de pacientes com concilomas, mais conhecidas como verrugas genitais através do tratamento com a vacina do HPV. “Hoje, assim como em alguns países europeus, a vacina quadrivalente além de ser utilizada como método de prevenção, é também usada para o auxílio no tratamento em casos de concilomas ou lesões precursoras do câncer de menor grau”, diz o especialista.
Outra forma de prevenção é fazer periodicamente o exame Papanicolaou. “Mulheres acima de 25 anos ou sexualmente ativas devem ir ao ginecologista pelo menos uma vez ao ano para fazer o teste”, diz o oncologista. Com este exame, o tratamento das lesões precursoras do câncer do colo de útero poderá começar cedo e evitar complicações. O Papanicolaou é um exame simples que consiste na coleta de material citológico do colo do útero, ou seja, é coletada amostras de uma esfoliação leve das superfícies do útero.
Em fase pré-clínica, o câncer do colo do útero não tem sintomas e a doença pode ser detectada apenas através do exame preventivo, por isso, é tão importante fazer anualmente o Papanicolaou. Já em fase de progressão, pode ocorrer sangramento vaginal, corrimento e dor. Neste estágio, a doença pode estar fase avançada, aumentando ainda os sintomas para anemia, perda de apetite e de peso, dor no abdome e, até mesmo, a saída de urina e de fezes pela vagina.
O tratamento varia conforme o estágio da doença, tamanho do tumor, idade e condições gerais de saúde. Normalmente são feitas cirurgias para a retirada do câncer, através da remoção de fragmentos de tecidos, e até mesmo a laser. “Dependendo ainda do tamanho deste tumor, podemos ainda optar por radioterapia e quimioterapia associadas, isoladas sem a cirurgia, ou por complementação do tratamento mediante radioterapia e quimioterapia em baixas doses após a cirurgia”, explica o médico.
A quimioterapia pode ser utilizada antes da cirurgia para diminuir o tamanho do tumor e permitir que a cirurgia seja feita com a devida segurança terapêutica ou em casos mais avançados, onde ocorrem metástases, a fase em que o câncer se espalha para outros órgãos e tecidos do corpo. O maior avanço no conhecimento das características da doença permite hoje realizar tratamentos mais conservadores, nos quais o colo uterino, os ligamentos em torno dele e os gânglios são retirados e o útero é re-implantado na vagina, permitindo assim que pacientes jovens possam preservar sua capacidade de engravidar. “No nosso serviço no Hospital Santa Cruz já realizamos este tratamento em algumas oportunidades nos últimos 3 anos, todas com muito sucesso e com muita segurança oncológica”, diz.

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