Santos, novidade certa para quem quer passear e brincar com o cão na areia e no mar

 

Veterinária repercute lei que entrou em vigor no dia 1o de janeiro e traça cuidados gerais que o tutor deve ter com o animal
 


Dra. Ana Carla Teixeira, do Hospital Veterinário Taquaral em Campinas

 

(Janeiro/2022) Quem tem cãozinho de estimação e leva o animal nas viagens da família tem agora mais um motivo para visitar a cidade de Santos (SP): desde 1º de janeiro, a Prefeitura delimitou um trecho da praia com permissão para a presença de cachorros conduzidos por seus tutores. A circulação dos animais na areia está restrita ao bairro José Menino, entre o submarino e o posto 1, nos períodos das 6h às 9h e das 16h às 19h, todos os dias.
 

A Lei Complementar n° 1.140, decorrente do Projeto de Lei Complementar n° 29/2019, permite que o mascote, que só podia passear no jardim da orla, agora possa andar na areia e brincar no mar. Com esse projeto-piloto, que é permeado de regras (conheça algumas abaixo), Santos é a primeira cidade do Estado a permitir cães na praia. O Rio de Janeiro e Natal já autorizam a permanência de cachorros na orla.
 

A Dra. Ana Carla Teixeira, do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas (SP), comemora a liberação na cidade litorânea paulista, mas lembra que ter os companheiros inseparáveis também nas férias requer bastante cuidado. “Devemos sempre respeitar as particularidades de cada animal e estar de acordo com as leis de cada praia. Em Santos, novidade do momento, por exemplo, o cão precisa usar coleira com identificação e o tutor, maior de idade, portar a carteira atualizada de vacinação e vermifugação e recolher as fezes do animal”, observa.

 


Dra. Ana Carla Teixeira, do Hospital Veterinário Taquaral

Conforto

A veterinária chama a atenção para o fato dos animais reagirem de maneiras diferentes em ambiente novos e totalmente diverso ao seu habitat. A especialista reforça que é importante que o cachorro esteja acostumado a conviver com pessoas desconhecidas. “Cães muito bravos ou que tenham tendências a latir e/ou se assustar muito facilmente, podem ficar muito estressados com esse passeio. Antes de ir, deve-se refletir: ele se sentirá bem nesse ambiente? Sem contar o fator de que alguns animais podem causar desconforto para os banhistas”, argumenta.
 

Ana Carla enfatiza para tomar cuidado com o sol e a areia muito quentes porque podem causar queimaduras nas patas e focinhos e orienta a aplicação de protetor solar específico para cães. “No entanto, é fundamental mantê-lo na sombra, sempre oferecendo água fresca”, frisa.
 

Transmissão de doenças

Segundo a Dra., a areia e a água do mar podem ter microrganismos que provocam infecções ou alergias. Há risco de conjuntivites e otites quando existe o contato da água com os olhos ou ouvidos. Além disso, a ingestão da água e da areia geram desconforto e gastroenterites. “Não está descartada a possibilidade de contrair e transmitir doenças, como por exemplo, o protozoário Giardíase, cuja transmissão ocorre pelo contato com as fezes dos animais infectados, assim como através da água contaminada”, explica a especialista.
 

O famoso Bicho Geográfico, que é a Larva migrans, é um parasita que está presente

Dra. Ana Carla Teixeira, do Hospital Veterinário Taquaral, examina paciente

no intestino de cães e gatos que não são vermifugados periodicamente e é transmitido da mesma forma. No caso dos humanos, a transmissão acontece pelo contato direto com as larvas infectantes existentes no solo contaminado pelas fezes. “Por isso, o responsável pelo animal deve recolher imediatamente as fezes do cão, sendo passível de multa se não fazê-lo”, alerta.
 

Ana Carla destaca ainda outra doença, a Dirofilariose, também chamada de ‘’verme do coração’’. Nesta situação, o verme -- transmitido por picada de mosquito - se instala nas artérias do pulmão e no coração. De acordo com a veterinária, os humanos também podem contrair esse verme através da picada, mas não por meio do cachorro.

 

A veterinária finaliza: “após um dia na praia é imprescindível dar banho de água doce no animal. É preciso remover o sal e a areia e mantê-lo limpo e saudável”, orienta.

 

 

Peculiaridades da Lei
A regulamentação foi criada por uma comissão composta por infectologistas, médicos veterinários, representantes de universidades, de movimentos de proteção animal e das secretarias municipais de Saúde, Meio Ambiente e Segurança de Santos, com coordenação do secretário municipal de Governo, Flávio Jordão;

 

Dra. Ana Carla Teixeira, do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas SP

- Pesquisa contemplará os seis primeiros meses de aplicação da lei e prevê acompanhar a saúde dos animais, a qualidade da areia no local permitido e nos que não são permitidos, além de monitoramento da água do mar;

- A circulação dos animais na praia é restrita ao trecho da orla do bairro José Menino, entre o submarino e o posto 1, entre 6h e 9h e 16h e 19h, diariamente;

- O condutor do animal deve ser maior de 18 anos;

- A Guarda Municipal atua na orientação e na fiscalização;

- A placa de identificação do animal na coleira deve constar o nome e o telefone do tutor;

- O animal não deve estar no período de cio ou pré-cio;

- O tutor é obrigado a recolher, imediatamente, as fezes de seu cão e descartá-las em local apropriado, sob pena de multa;

- Raças específicas como Mastim Napolitano, Pitbull, Rottweiller, American Stafforshire Terrier e derivadas são obrigadas a usar guia curta de condução, enforcador e focinheira;

- É permitido o uso dos chuveiros da orla da praia pelos cães na área demarcada para presença dos animais;

- O órgão responsável pelo controle de balneabilidade das praias deve realizar, mensalmente, coleta e análise da qualidade sanitária da areia da área demarcada. O resultado das análises mensais da qualidade sanitária das areias deve ser divulgado no site oficial da Prefeitura e publicado no Diário Oficial do Município.

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