Desperdício à vista e a prazo

 





Quanto mais se alonga o debate sobre a estruturação do mercado de créditos de carbono no Brasil, maior o custo de oportunidade imposto pelo adiamento de receitas financeiras, ações de preservação ambiental e geração de renda. Uma das evidências mais contundentes desse desperdício de potencial geração de riquezas está nas concessões florestais.

Em linhas gerais, trata-se de um instrumento legal que permite a concessão temporária de áreas de floresta pública ao setor privado, com o propósito de impulsionar o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis. Embora sejam reconhecidas como mecanismos eficazes para a manutenção da floresta em pé, as concessões florestais são um mecanismo subutilizado no Brasil.

Estudo divulgado pelo Instituto Escolhas revela que, apenas no bioma da Amazônia, há um potencial de 1,6 milhão a 5,6 milhões de créditos por reflorestamento e créditos por redução de emissões associadas ao desmatamento – os chamados créditos REDD+. Isso significaria dobrar a oferta desse tipo de crédito no Brasil e poderia também representar um aporte financeiro de US$ 7 milhões a US$ 24 milhões por ano.

Segundo Teresa Rossi, coordenadora de projetos do Escolhas, a má notícia é que, nas concessões florestais atuais, só é permitido gerar crédito de carbono em projetos de reflorestamento. Por isso, é aguardada com expectativa a aprovação do Projeto de Lei 5.518/2020 no Congresso, que, entre outras inovações, permite a geração de créditos REDD+ nessas áreas.

Enquanto isso, o mercado de carbono no mundo cresce. Nos oito primeiros meses de 2021, o valor total negociado pelo nos mercados voluntários ultrapassou US$ 1 bilhão, com um crescimento de 60% em relação a todo o ano de 2020. Um dos principais motivos é o número crescente de empresas se comprometendo com metas de se tornarem "net zero", ou seja, com emissões líquidas nulas.

"Anunciar a aprovação dessa nova legislação na COP 26 será uma ótima oportunidade para a projeção da internacional do país na sua trajetória de neutralização", garante o professor Ronaldo Seroa, uma das maiores autoridades no tema no Brasil hoje, em artiglo exclusivo para o nosso site.

Até quando esperar?

#DESTAQUES

Mata Atlântica - Grandes propriedades na Mata Atlântica, que representam apenas 2% do total de imóveis no bioma, respondem por 42% do déficit ambiental previsto pelas regras do Código Florestal. Estas terras estão concentradas em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Os dados fazem parte de estudo inédito que será lançado hoje feito pela Fundação SOS Mata Atlântica, do GeoLab Esalq-USP e Observatório do Código Florestal.

#ARTIGOS

Renato Krausz - Investidores vão à luta por melhores dados de ESG

Talita Priscila Pinto - O protagonismo brasileiro no contexto da sustentabilidade global

Anna Maria de Castro - Josué de Castro e a descoberta da fome

Winston Fritsch - O legado verde de Angela Merkel

José Eli da Veiga - Realismo sobre o aquecimento global

Mauro Zafalon - Brasil precisa vencer o lado vilão para melhorar imagem

Dhayana Fernández-Matos - A violência política contra as mulheres na América Latina

Marcos Furtado - Discurso marketeiro de inclusão conserva meritocracia e racismo

Celso Ming - Cúpula do clima enfrenta obstáculos não resolvidos

#ENTREVISTAS

Brasil - Em entrevista exclusiva ao Poder 360, André Araújo, presidente da Shell Brasil, falou sobre as suas preocupações no Brasil, como Polarização, Imposto de Renda e medida para conter o preço dos combustíveis.

Financiamento Social - Em entrevista ao GLOBO, João Paulo Pacífico, fundador do Grupo Gaia, conta que após captar para ara cooperativas do MST agora quer financiar indígenas e quilombolas.

Sociedade - João Paulo Ferreira, presidente da Natura &Co América Latina, disse em entrevista ao Valor, que os serviço ambientais deve beneficiar comunidades e não servir como especulação. Ele disse ainda que aliar valor financeiro de uma companhia e seu rendimento aos benefícios que a empresa gera à sociedade é um desafio.

#EMPRESAS

TIM Brasil é a líder mundial do ranking em diversidade e inclusão entre as empresas do ramo de telecomunicações.

Lojas Colombo passou a comprar energia de forma direta de parques de geração solar e eólica para parte de suas filiais no Sul do país.

Ecovagas enxerga uma demanda para triplicar o número de pontos de carregamento no país.

#CLIMA

COP26 - O primeiro ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a COP26 tem que ser um ponto de virada para a humanidade. Segundo ele, está na hora do mundo crescer e ouvir o que os cientistas estão dizendo há anos. Ele pediu um esforço global para que o aquecimento do planeta não seja superior a 1,5 grau, por ano, com medidas como o uso das tecnologias com energia verde, tornando-a mais barata e acessível.

Créditos de Carbono - Um estudo inédito do Instituto Escolhas - associação sem fins lucrativos que promove discussões sobre sustentabilidade - aponta potencial de R$ 130 milhões por ano com a comercialização de créditos de carbono em 47 concessões florestais no país.

Refrigeradores - A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) anunciou nesta quinta-feira novas regras para limitar a produção doméstica e o uso dos hidrofluorcarbonetos (HFCs), gases de efeito estufa comumente utilizados em geladeiras, refrigeradores e aparelhos de ar-condicionado.

#DIVERSIDADE

Conselhos mais diversos - Seja para gerar um impacto social genuíno ou para ter vantagem competitiva no mercado, empresas e conselhos de administração precisam de uma vez por todas abraçar a agenda da diversidade e inclusão. Essas foram as principais conclusões da live “Novo perfil dos conselhos empresariais: diversos e atuantes”, realizada pela Bússola, na última quarta-feira.

Oportunidades - A contratação de pessoas com deficiência (PCDs) aumentou 147% até agosto deste ano em relação ao mesmo período de 2020. Os dados são da Page PCD, consultoria especializada no recrutamento de pessoas com deficiência.

#ENERGIA

Energia Solar - Uma corrida pelo registro de novos projetos de energias renováveis preocupa autoridades do setor elétrico brasileiro, que temem impactos no bolso do consumidor com o aumento dos custos de transmissão de eletricidade no país.

#FINANÇAS

GreenBounds - Só no primeiro semestre, foram captados quase R$ 55 bilhões com títulos de dívida ESG no país, quase o dobro de todo o volume de 2020, segundo a Sitawi. Por isso, o Capital Reset separou um passo a passo sobre o que são os greenbounds.

Fundo Socioambiental - O Movimento Bem Maior (MBM), criado no início da pandemia por grandes empresários para fortalecer a cultura de doações, comprometeu-se a conseguir R$ 20 milhões em aportes iniciais para o novo Fundo Socioambiental do BNDES.

Rio de Carbono - A Prefeitura do Rio quer atrair uma Bolsa de ativos verdes para a cidade, especializada em negociações de créditos de carbono. Ainda em fase de estudos, a ideia é que a plataforma de transações atraia um ecossistema de finanças verdes para a capital fluminense, como as empresas internacionais de auditorias e certificação.

Infraestrutura Verde - Estudo do Programa de Investimentos Verdes no Brasil (BGFP, na sigla em inglês), identificou a necessidade de R$ 3,6 trilhões em obras de infraestrutura com esse viés no Brasil nos próximos 20 anos. As oportunidades são em setores como energia, transportes, saneamento e gestão de resíduos sólidos.

Metas - Matéria especial do Broadcast mostra que as empresas estão correndo para criar metas de sustentabilidade e garantir a atenção dos investidores, cada vez mais atentos às preocupações e ações socioambientais.

#GOVERNANÇA

Quissamã - Com o objetivo de promover a cultura de integridade, a Petrobras irá compartilhar conhecimento, boas práticas de governança, controles internos e integridade com a administração pública de municípios com rendas petrolíferas (royalties e participações especiais). A assinatura do convênio entre a Petrobras e a prefeitura de Quissamã (RJ) marca o início do projeto “Cooperar para Transformar”.

#MEIO AMBIENTE

Agrofloresta Urbana - O Museu de Ciências da Terra (MCTer), no Rio, deu também início à ação de revitalização da Praça Guilherme Figueiredo, que fica ao lado da sede. A proposta é criar uma agrofloresta urbana e comunitária para a produção de alimentos, plantas medicinais, reflorestamento de plantas nativas da Mata Atlântica e compostagem.

Biodiversidade - O portal Nexo selecionou algumas iniciativas nacionais e internacionais do setor empresarial que visam frear, estabilizar e reverter a perda de biodiversidade.

Desmatamento - O Greenpeace flagrou o desmatamento na Amazônia, desmentindo o presidente Bolsonaro, que afirmou na ONU que está havendo redução na derrubada de árvores na floresta. As imagens da ONG mostram uma das regiões mais conservadas da floresta amazônica em franca devastação entre Porto Velho (RO) e Lábrea (AM).

Preservação - O Governo prepara um projeto para remunerar proprietários de terras que preservem florestas. A estimativa é de que podem ser levantados US$ 2 bilhões para a iniciativa.

#POLÍTICA

Política Ambiental - O procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF), duas petições se posicionando pela rejeição de ações que questionam a política ambiental do governo Bolsonaro.

#SOCIAL

Saúde - A Organização Mundial de Saúde lançou ontem novas diretrizes globais de qualidade de ar. São recomendações para limitar o nível de seis poluentes atmosféricos que mais causam danos à saúde, muitos produzidos na queima de combustíveis.

Crianças - Reportagem do site Amazônia Real mostra que o garimpo ilegal está causando má formação e desnutrição em crianças Yanomami. A água dos rios está suja de mercúrio, contaminando os peixes e as caças, e amamentar se tornou um perigo.

Estratégia ESG é uma iniciativa de Alter Conteúdo em parceria com a agência epbr.

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