Bom dia! Estudo do projeto MapBiomas, divulgado na última sexta-feira (11) pelo Jornal Nacional, apontou que 99,8% do desmatamento registrado em 2020 no Brasil foi ilegal. O desmatamento avançou em todos os biomas brasileiros e os casos identificados ou não tinham autorização, ou aconteceram em área protegida ou em desrespeito ao Código Florestal. Embora a responsabilidade pela fiscalização e combate do desmatamento ilegal seja dos governos (especialmente, o federal), a cobrança sobre o setor privado que age dentro da lei só aumenta dia após dia. Grandes investidores mandam sinais cada vez mais claros e apresentam maior resistência a mercados que não adotam critérios ESG. Na abertura da cúpula do G7, no sábado (12), na Inglaterra, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson reiterou sua confiança em uma “revolução industrial verde”. Apesar de o comunicado final ter sido alvo de críticas, entre outros pontos, por não apresentar um cronograma inicial para erradicar as emissões a carvão e oferecer apenas 1 bilhão de vacinas extras contra coronavírus para os países mais pobres do mundo nos próximos 12 meses, houve uma sinalização das grandes potências de que querem acelerar o ritmo de combate às mudanças climáticas. Uma mensagem que não é desprezada pelo mercado. Enquanto o mundo caminha na mesma direção, o Brasil parece estacionado no tempo, sem entender o real valor da floresta em pé. Há cerca de um ano, um grupo formado por 29 instituições financeiras que gerenciam mais de US$ 3,7 trilhões em ativos em todo o mundo exigiu que o governo brasileiro freasse o crescente desmatamento no país. Alguns dias depois, lideranças de grandes grupos empresariais com atuação no Brasil entregaram um documento ao vice-presidente Hamílton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, manifestando preocupação com a percepção negativa da imagem do Brasil no exterior e o enorme potencial de prejuízo para os negócios. O governo planejava na ocasião uma campanha publicitária no exterior, o que soou como desperdício de dinheiro público às lideranças empresariais. Em 2020, o governo federal investiu R$ 27,7 milhões com publicidade no exterior. Um ano se passou e o quadro ambiental parece ainda mais alarmante, como aponta a pesquisa 2021 do MapBiomas. Na mesma medida, a imagem do país lá fora está cada vez mais comprometida, o que só faz aumentar a suspeita sobre a procedência da carne bonina nacional e os boicotes silenciosos à entrada de produtos brasileiros em alguns mercados. Como se vê, não faltaram investimentos em publicidade ano passado para tentar mudar a imagem do Brasil no exterior. De nada adianta tocar o tambor sem um combate efetivo aos crimes ambientais. Antes disso, é preciso agir e isso passa pelo fortalecimento dos órgãos ambientais, a ampliação das equipes de fiscalização e a punição aos criminosos. Na última sexta (11), Mourão anunciou uma nova operação das Forças Armadas para combater crimes ambientais na região da Amazônia, ao custo R$ 50 milhões em dois meses. O tempo vai mostrar se essa foi mais uma peça de retórica para tentar mudar a imagem queimada que o Brasil carrega lá fora. Boa leitura! |
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