SHUHARI: Aprendizado para a vida


Hanshi Robert Burgermeister (foto), Sho-Shihan e presidente da International Seishinkai Karate Union (ISKU) e Hanshi Flávio Rodrigo Masson Carvalho Shihan – Honbucho ISKU Brasil

Shuhari  (Shu: obedecer/proteger;  Ha: romper/modificar;  Ri: separar/superar) é o termo em artes marciais  japonês que engloba o processo de aprendizagem e maestria de uma ou mais técnicas, obedecendo esta ordem: SHU, HA, RI.

Shuhari é um conceito de artes marciais que descreve os três estágios de aprendizado, do iniciante aos níveis mais profundos.

Shu - Aprendizagem - em que o aluno aprende o básico de sua arte. Nesta etapa, o aluno deve obedecer ao professor, às tradições e aos padrões estabelecidos pelo professor.

Ha - Destacamento - em que o aluno percebe e não há self, e começa a romper com os padrões limitados. Nesta fase, o aluno começa a aplicar sua própria experiência pessoal e conhecimento em sua arte marcial.

Ri - Transcendência - em que o aluno começa a agir naturalmente com seu ambiente. Todas as coisas se tornam naturais e não há apego ao desnecessário. Nesta fase, o aluno dá livremente, ciente de que o Caminho funciona através da compreensão de nada (Vazio).

Sabe-se que, quando aprendemos ou treinamos em algo, passamos pelos estágios de shu, ha e ri. Esses estágios são explicados da seguinte maneira. Em shu, repetimos as formas e nos disciplinamos para que nossos corpos absorvam as formas que nossos antepassados criaram. Nós permanecemos fiéis a estas formas sem desvio. Em seguida, no estágio de ha, uma vez que nos disciplinamos para adquirir as formas e movimentos, fazemos inovações. Nesse processo, os formulários podem ser quebrados e descartados. Finalmente, no ri, nós nos afastamos completamente das formas, abrimos a porta para a técnica criativa, e chegamos em um lugar onde agimos de acordo com o que nosso coração / mente deseja, desimpedido, sem ultrapassar as leis ".

Muitos acreditarão que são estudantes avançados depois de conseguirem seus primeiros dan de faixa preta. A verdade é que muitos faixas preta, até mesmo segundo ou terceiro dan, ainda estão no estágio Shu de aprendizado. Até mesmo um quinto ou sexto dan ainda pode estar no estágio Ha.

Embora eles geralmente sejam os mais difíceis de convencer a jornada em que eles estão precisando mudar, os artistas marciais seniores são geralmente muito presos, incapazes de continuar a transcender até o próximo estágio. Em essência, eles perderam a mente de iniciantes (Shoshin), necessário para o crescimento contínuo, um curioso que nunca fica satisfeito com uma atitude de resposta é fundamental para o crescimento contínuo das Artes Marciais.

Copiado de uma página no Facebook escrita por Steve Lowe.



A cultura japonesa especificamente ganha maior destaque quando os pontos levantados são analisados no âmbito das artes marciais. Por trás de toda a filosofia e princípios das artes como Karate, Aikido, Judo ou Kendo está o Shu-ha-ri. Conceito que descreve os três princípios do aprendizado. Para nós ocidentais, algo novo, já para os japoneses, algo sem definição, uma vez que eles exercitam os conceitos de forma natural ou até inconsciente. Basicamente Shu-ha-ri é um conceito que define uma estrutura para que aprendizes possam atingir a maestria em determinado assunto.

No Budo (o caminho marcial japonês) não é transmitido apenas por palavras! É o equilíbrio entre a teoria e a prática. O uso das palavras é apenas uma forma de trazer significado às palavras.

É preciso seguir uma escola, seguir os Mestres e os ensinamentos, não desviar do caminho (Do).

É interessante pois encontramos uma abordagem similar no Modelo dos Três Estágios de Fitts e Posner. Eles descreveram uma teoria ligada aos estágios envolvidos na aprendizagem de uma nova habilidade conforme a seguir:

1º Este estágio da aprendizagem é chamado de estágio cognitivo, pois exigem grande níveis de actividade cognitiva como é o caso da atenção.

2º É chamado de associativo. O indivíduo já selecionou a melhor estratégia para a tarefa e começa a refinar a habilidade.

3º É chamado de autônomo. É definido pelo automatismo da habilidade e pelo baixo grau de atenção que é exigido para o seu desempenho.

Juntando as duas visões, um aprendiz inicialmente comete muitos erros e precisa adquirir o mínimo de habilidade em todas as atividades que compõe aquela tarefa complexa. Esse estágio de aprendizado está associado à repetição e ao exemplo.

No segundo estágio é possível analisar criticamente em quais atividades será necessário mais esforço e em quais é possível reduzir o nível de atenção. Ou seja, envolve maior auto-reflexão.

No terceiro estágio, já com auto grau de autonomia é possível propor novas abordagens e gerar ruptura com o paradigma inicialmente proposto.

A forma de gestão da técnica SHURARI, pode ser aplicada nas escolas, nas empresas e na vida, bastando compreender seus princípios e aplica-los na prática:

SHU: quando atinge o status "Precisa de Ajuda" ou "Em Treinamento" em todas as atividades;

HA: quando se torna "Habilitado" em todas as atividades;

RI: quando se torna "Especialista" no máximo de atividades através de inovação e melhoria.

"Somente entendendo minimamente todas as atividades SHU e se desenvolvendo nelas HA é que podemos esperar a real inovação e melhoria contínua RI", Gilberto Strafacci Neto

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