Artigo:- Esconder-se no Virtual

 
José Renato Nalini é reitor da Uniregistral, docente da Uninove e Anchieta, palestrante e conferencista.  Integra a Academia Paulista de Letras, e autor de "Ética Geral e Profissional", 13ª ed, RT-Thomson Reuters.
 
 
Ao menos para alguma coisa o Parque Olímpico no Rio está servindo. Foi nele que se realizou um grande evento, considerado um dos maiores do mundo, em termos de Gamificação. Os games impregnaram a cultura contemporânea. Primeiro as crianças e jovens, cuja desenvoltura nos deixa pasmos. Depois, todos aqueles, independentemente da idade, que encaram o mundo digital como opção à melancólica situação do Brasil em nossos dias.
Nesse "Game Park", houve muito mais do que o lançamento de novos jogos e instigantes desafios. Havia a demonstração do trem que liga Miami a São Francisco e corre a 1.200 km por hora. Por sinal, onde o "trem-bala" Campinas-Rio, que tem até uma empresa estatal para implementá-lo a tempo de servir para a Copa do Mundo?
Também uma quadra de basquete para propiciar jogos com toda a emoção de uma partida real. E novidades para as crianças, seus pais, seus avós e para quem mais quisesse mergulhar nessa realidade sedutora.
Para o carioca, esconder-se no virtual passou a ser o refúgio possível, no caos que o mundo inteiro enxerga, mas o Brasil teima em considerar passageiro, corriqueiro, trivial. As facções vão eleger suas bancadas, os policiais militares continuarão a morrer, as balas perdidas sempre acharão alguém a quem vitimar.
Pobre "Cidade Maravilhosa"! Foi convertida em cenário de horrores. Incinerou o Museu Nacional, esvaziou o seu potencial turístico para o estrangeiro, afugentou o visitante nacional. Os seus "maiores" continuam encarcerados. Não resta muita coisa a quem sobrevive, senão mergulhar no mundo digital, esconder-se no virtual, ante o desencanto e o desespero do real.
O único risco para esses "refugiados" é deixarem de exercitar o corpo. A OMS acaba de divulgar que é crescente a legião daqueles que não cultivam o hábito da atividade física. O sedentarismo e a falta de educação alimentar produzem obesidade, enfermidades circulatórias, toda a sequela de consequências geradas por esta contemporaneidade preguiçosa, que não anda a pé, chama o elevador para subir um andar, se empanturra de todos os venenos químicos produzidos para acelerar o seu encontro com a doença e com a morte.
Mas há quem prefira isso a enfrentar a tragédia que conseguiram instaurar na "mui hermosa villa de São Sebastião do Rio de Janeiro"...
 


Comentários