Ex-prefeito e secretário de governo de Araçariguama têm prisão preventiva decretada por cobrança de propina

Por Moniele Nogueira e Daniel Schafer, TV TEM
Ex-prefeito e secretário de governo de Araçariguama passaram por audiência de custódia
A Justiça decretou a prisão preventiva do ex-prefeito e marido da atual prefeita de Araçariguama (SP), Carlos Aymar, e do secretário de governo da prefeitura, Israel Pereira da Silva. Os dois foram presos em flagrante na segunda-feira (14) por cobrarem propina de uma cooperativa que iria construir casas populares na cidade.

Os advogados dos dois informaram que vão entrar com pedido de habeas corpus para que ambos aguardem o término das investigações ou o julgamento em liberdade. Se condenados pelos dois crimes, eles podem pegar até oito anos de prisão.
Por conta de um processo por ato libidinoso, em 1982, Aymar será levado para a Penitenciária P2, no bairro Aparecidinha, em Sorocaba (SP). Já Israel será encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP), também na cidade. A audiência de custódia foi realizada na manhã desta terça-feira (15).
Outras três pessoas, que não tiveram os nomes divulgados e também foram citadas pelos envolvidos, foram notificadas pelos investigadores para prestarem depoimento na delegacia de São Roque (SP), às 14h.
A Polícia Civil já tinha conseguido um mandado de prisão temporária contra Aymar e Israel, mas prendeu os dois em flagrante logo depois do pagamento da propina.
O dinheiro foi encontrado dentro de uma sacola plástica que estava guardada no armário da sala do ex-prefeito. Apesar de não ter cargo na prefeitura, ele tinha uma sala dentro do prédio. Segundo a polícia, os R$ 14 mil foram entregues pela representante de uma cooperativa de habitação como pagamento de propina.
A negociação foi acompanhada pela Polícia Civil, que copiou e marcou as notas antes do valor ser entregue dentro da prefeitura. Antes do encontro, a negociação foi por telefone:
- Vai direto ao ponto, fala ó: eu estou com o terreno, como fazer? Está aqui. Quem você quer que agrega? Tem uma parte, posso já adiantar um pouco para mim, já adianta já um pouquinho também uma parte de lotes. Vou separar já aqui para você, tem uma despesa, aí você fala bem baixinho ou você até escreve no papel: tenho uma despesa, despesa mensal você vai falar, é ele.
O ex-prefeito estava dentro do prédio da prefeitura quando foi preso em flagrante e saiu acompanhado dos investigadores. O secretário de governo foi preso quando chegava ao local. Ele foi algemado e colocado em um carro da Polícia Civil.
Os dois foram levados para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) em Sorocaba. Eles são acusados de associação criminosa e concussão, que é quando funcionários públicos exigem dinheiro ou algum tipo de vantagem.
Foram cinco meses de investigações. Segundo a Polícia Civil, Carlos Aymar e Israel Pereira da Silva exigiram o pagamento de R$ 2 milhões de propina para a liberação de licenças para a construção de um conjunto habitacional.
A denúncia foi feita pela cooperativa habitacional, que pretendia construir 840 casas em Araçariguama. A representante simulou que aceitou participar do esquema de corrupção e, em seguida, procurou o Ministério Público e a polícia com provas do pedido de propina.
A defesa do ex-prefeito disse que ainda não conseguiu acesso aos autos para a análise do caso. “Mas desde já verifica-se que a prisão ocorreu em um típico caso de flagrante preparado sem qualquer participação de Carlos Aymar, fato que, conforme o STF, súmula 145, torna o crime impossível”, completa a nota.
Nesta terça-feira, a TV TEM tentou falar com a prefeita Lili Aymar através da assessoria de comunicação e do setor jurídico da prefeitura, mas não teve sucesso. Lili disse apenas que passou a noite bastante abalada e à base de remédios. Nesta manhã, ela não esteve na prefeitura e recebeu amigos em casa para uma oração.
Carlos Aymar foi prefeito de Araçariguama por dois mandados, entre 2000 e 2008. Quando deixou o cargo, trabalhou na Prefeitura de Mairinque, cidade vizinha de Araçariguama.
Aymar tem bacharel em direito e é casado com a atual prefeita de Araçariguama, Lili Aymar. Em 2013, ele também foi preso por corrupção na Operação Valência, que apurava esquema de fraudes dentro da Prefeitura de Mairinque, envolvendo políticos, funcionários públicos e empresários. Na ocasião, ele negou as acusações e o caso foi arquivado.

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