Reginaldo
Villazón
O Brasil vive o intervalo de três semanas, entre o primeiro turno (07 out) e o segundo turno (28 out) das eleições gerais de 2018. Neste momento, já é possível afirmar – em alta voz – que estas eleições estão ocorrendo de modo totalmente diferente das eleições anteriores. Os cientistas políticos, os marqueteiros políticos e os políticos não imaginaram que teriam tamanhas surpresas, antes mesmo das disputas finais.
Para o cargo de presidente da
República, 13 candidatos se apresentaram para conquistar a preferência dos
eleitores. Os candidatos moderados foram menos prestigiados. Os eleitores em
massa – inclusive os avessos a radicalismos – conduziram ao segundo turno dois
candidatos com discursos opostos: um de direita, outro de esquerda. Ficou claro
que os eleitores preferiram os candidatos mais arrojados.
Confrontações por motivos
ideológicos não tiveram viço. Discussões antigas – entre capitalistas e
socialistas, entre patrões e empregados – não motivaram os eleitores. Os partidos
políticos ficaram fora da atenção dos eleitores.
É interessante verificar como está o
quadro político partidário na eleição dos governadores. Treze (13) Estados elegeram
seus governadores no primeiro turno. Ficaram pulverizados em 08 partidos
políticos. Outros treze (13) Estados, mais o Distrito Federal (01), vão decidir
quem serão seus governadores no segundo turno. As disputas finais envolverão 25
partidos políticos. Os eleitores desprezam os partidos.
Os problemas nacionais que os
eleitores desejam ver enfrentados com firmeza pelos políticos eleitos estão nas
áreas de educação, saúde, segurança, emprego, transporte, habitação e saneamento.
Mas não será possível ter sucesso nesses enfrentamentos porque a renda do
trabalho – produzida por todos os brasileiros – é mal dividida. Poucas pessoas
ficam mais ricas e muitas pessoas permanecem pobres.
Em 2017, segundo o IBGE, a minoria
mais rica do país – formada por 10% dos brasileiros – detinha 43,3% da renda
nacional. Os restantes 56,7% da renda nacional eram divididos entre a maioria da
população, formada por 90% dos brasileiros.
Essa desigualdade na distribuição da
renda nacional inviabiliza o desenvolvimento econômico e social do país. Não adianta
fazer grandes investimentos na economia e gerar grande quantidade de empregos,
se as rendas produzidas não são partilhadas entre a população para estimular as
atividades econômicas e sociais. Em vez disso, acumula mais renda nas mãos da minoria
mais rica.
Se agora o povo brasileiro deseja o
desenvolvimento do país, seus representantes eleitos têm a obrigação de atender
este desejo. Reformas econômicas, políticas e institucionais precisam ser realizadas
com coragem e energia. Os políticos cheios de ideologias antigas, de ideias
partidárias, de poses estudadas, não servem mais. O desafio do desenvolvimento tem
que ser encarado por pessoas decididas.
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