Dom Reginaldo Andrietta, Bispo
Diocesano de Jales
Nosso sistema
político, marcadamente competitivo, fomenta fanatismos e extremismos, destrói
de modo absurdo, laços familiares, comunitários e amizades, bem como a comunhão
entre pessoas da mesma fé. Em um país com tanta pobreza, até mesmo os pobres se
dividem. Grande parte da população que depende do trabalho para viver e manter
a família, em lugar de defender causas comuns, em favor de seus direitos, se
deixa manipular por candidatos e grupos políticos que se apresentam falsamente
patriotas. Na realidade, são, também, marionetes, ou seja, manuseados por
grandes poderes econômicos com ramificações internacionais.
Manipulações
ideológicas de cunho político tendem a gerar ditaduras de poderes econômicos
sustentados por forças militares. Exemplos disso, foram e continuam sendo
abundantes no mundo. O Brasil Republicano já passou por vários períodos
ditatoriais. O terror que geraram, esquecido ou desconhecido por muitos, não
pode ser desconsiderado. O respeito ao estado de direito necessita prevalecer
sempre. Nossa preciosa democracia, tão frágil ainda, em lugar de retroceder,
necessita avançar. O direito de cada pessoa a viver com dignidade necessita ser
assegurado. Os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras necessitam ser
garantidos.
Trabalho e educação
deverão ser prioridades. Afinal, todas as famílias necessitam ser sustentadas
pelo trabalho em condições dignas e implicadas em processos educativos.
Educação integral de qualidade para todos deverá, sem dúvida, ser uma meta
fundamental. Investimentos educativos focados no humanismo integral e no desenvolvimento
do cooperativismo econômico nos ajudarão a superar grandes dificuldades
culturais e sociais. Que essa educação fortaleça vínculos familiares e
comunitários, forme, especialmente as novas gerações para a defesa da vida e
para o trabalho com função social, e desenvolva a cultura da solidariedade e da
paz!
Qual destino, então,
escolhermos, senão da união entre todas as pessoas que almejam o bem comum, a
justiça e a paz social? Se construirmos projetos comuns, em lugar de nos
destruirmos mutuamente, seremos muito mais felizes. Comecemos pelo respeito às
ideias e propostas partilhadas para que possamos crescer juntos! Que tal,
então, substituirmos o fanatismo pela reflexão? Os detentores de poder e seus
aliados não querem que usemos nossa inteligência para descobrir suas artimanhas
e a força de nossa união. Escolheremos estar do lado deles ou nos uniremos para
construir um futuro sem novas opressões?
As imagens bíblicas
da libertação do povo de Deus, escravo no Egito, e da redenção em Jesus Cristo,
são inspiradoras para o momento que vivemos. Optaremos por ser soldados do
Faraó ou povo livre e unido que caminha em direção à terra prometida?
Escolheremos o militarismo do Império Romano ou o Cristo Ressuscitado, vencedor
do sistema que o condenou e o matou? Seremos cúmplices desse sistema que tem
novas formas, hoje, ou o transformaremos segundo os critérios do Reino de Deus inaugurado
por Cristo? Nós, nos armaremos e nos destruiremos uns aos outros ou nos
amaremos mutuamente? Que o Espírito Santo nos ilumine!
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