A generosidade masculina


Stephen Kanitz é paulistano, mestre em administração de empresas pela Harvard Business School, graduado em contabilidade pela USP. Atua em consultoria, profere palestras, escreve livros e artigos

É generalizada a visão de que os homens são egoístas, gananciosos e só pensam em si. Fico até constrangido em tentar mostrar que essa generalização não é real.

Antigamente, um bom critério que as mulheres usavam para escolher seus parceiros era justamente a generosidade  masculina. Elas ficavam atentas para detectar homens generosos, aqueles que pagavam a conta no jantar a dois, aqueles que as levavam a lugares especiais, aqueles que as presenteavam com certa frequência.

Elas procuravam um par que estivesse ganhando mais do que precisava para viver sozinho. Ou seja, que tivesse recursos excedentes (quando solteiro) para depois (quando casado) ter dinheiro suficiente para cuidar de mais pessoas. Assim, elas se casavam com um homem que não ficaria pobre depois da lua de mel, que não teria motivo para reclamar constantemente dos gastos delas.

Sabiamente, as mulheres acertavam ao perceber a generosidade nos homens acostumados a gastar mais com outras pessoas do que com eles mesmos. Nisso vemos que não é por coincidência que a palavra "generosidade" provém da palavra "gênero". Até podemos argumentar que a generosidade masculina é uma consequência da escolha feminina. O mérito é das mulheres e não dos homens.

O procedimento de afirmar que os homens são todos canalhas e egoístas – como ouvimos em muitos discursos – não confere com os fatos. Pois o clássico método feminino de seleção dos parceiros pela generosidade funcionava muito bem.

No entanto, tal método acabou sendo desprezado. A generosidade masculina passou a ser considerada uma forma de opressão machista ou uma forma de suborno para obter algo em troca.

Agora as mulheres são induzidas a se casar com homens menos generosos e mais egoístas. Os resultados são óbvios. As brigas de casais por dinheiro, os casamentos fracassados e os divórcios não pararam de crescer nos últimos trinta anos.

Há outra consequência  nefasta. Os homens passaram a gastar mais – não com as mulheres por quem se apaixonaram –, mas com eles mesmos. Passaram a comprar canetas, relógios, roupas e sapatos de grife, em vez de presentes para elas.

Desta forma, os homens continuam mostrando às mulheres que eles ganham mais do que precisam e elas os adoram assim mesmo. Mas, equivocadas, elas transformaram o homem generoso de antes no homem narcisista de hoje.

A ostentação e o consumo  supérfluo dos homens são frutos de uma visão distorcida do que é correto nas relações entre os dois gêneros. A generosidade masculina deixou de ser critério na seleção de parceiros. Em suma, foi um tiro no pé.

A nova geração de mulheres saiu perdendo. Uma vez casada, descobre que terá enormes dificuldades em convencer os maridos a trocar o automóvel de luxo para poder comprar o carrinho de bebê quando a paternidade chega.

A mulher que hoje pretende se casar com um homem inteligente, competente e generoso, procure-o sob a ótica antiga. Identifique-o pela generosidade e corresponda à generosidade dele.

Assim, você terá um marido inteligente, um pai carinhoso com os filhos, uma vida financeira equilibrada e nenhum susto de risco do deu casamento.

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