Mortalidade por doenças cardiovasculares não caiu nos últimos 10 anos em São Paulo

Prevalência da obesidade e descontrole da pressão arterial, colesterol e diabetes são as causas da não redução das mortes por doenças cardiovasculares na população paulista. Esses são os resultados preliminares do Projeto Epidemiológico de informações da Comunidade (Épico), realizado pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). Entidade apresentará o estudo em seu 39º Congresso, de 31 de maio a 2 de junho, no Transamérica Expo Center

Dados levantados pela Socesp demonstraram que, nos últimos 10 anos, não houve redução das taxas de mortalidade cardiovascular na população paulista. É um resultado surpreendente, considerando-se as suas características socioeconômicas e demográficas semelhantes às de países desenvolvidos, onde há constante redução de óbitos por essa causa.
Baseado nesses resultados, a entidade aproximou-se dos municípios, com o intuito de somar forças em prol da redução das taxas de mortalidade cardiovascular. Nesse sentido, realiza o Épico, levantando dados sobre possíveis variáveis associadas ao não controle do colesterol e triglicérides, hipertensão e diabetes, causas principais das doenças cardiovasculares, e elaborando uma estratégia para prevenção e controle.
O Épico é um projeto composto por duas ondas. A primeira consiste no levantamento de dados de prevalência e de fatores associados ao risco cardiovascular na prevenção primária de pacientes assistidos em unidades básicas de saúde. A segunda será composta pela elaboração de uma estratégia multifacetada, baseada nos resultados obtidos na primeira e posterior avaliação de sua efetividade no controle dos fatores de risco cardiovascular.
O projeto, em todas as suas fases, será custeado pela própria Socesp. Ficam a cargo dos municípios apenas as coletas de dados para as análises e interpretações dos resultados, que serão posteriormente discutidos com os gestores de saúde das cidades. Atualmente, o Épico encontra-se no Vale do Ribeira, Grande São Paulo, Capital, Baixada Santista, Região dos Mananciais, Jaguariúna e Grande Campinas.
Dados preliminares
Estudo coletou informações de 2.500 pacientes de ambos os gêneros, de quatro cidades do Estado de São Paulo, em 102 unidades básicas de saúde. Aproximadamente 70% dos avaliados eram mulheres. Constatou-se alta prevalência de obesidade. Identificou-se, também, nível defasado de instrução educacional associado à baixa renda familiar: 79% dos avaliados não haviam concluído o Ensino Fundamental e 78% tinham renda familiar inferior a dois salários mínimos.
Observou-se, ainda, baixo controle dos fatores de risco cardiovascular: somente metade dos pacientes com histórico de hipertensão apresentava pressão arterial dentro das metas preconizadas pelas Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia; somente um quarto dos portadores de Diabetes Mellitus tipo 2 apresentavam valores de glicemia dentro das metas preconizadas pelas diretrizes médicas da SBC e SBD; o controle da dislipidemia (colesterol elevado) é o fator de risco cardiovascular menos controlado. Somente 16% apresentavam valores dentro das metas preconizadas pela diretriz da SBC.
O congresso - O 39º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – Socesp realiza-se nos dias 31 de maio, 1º e 2 de junho, no Transamérica Expo Center, na capital paulista. Reunirá mais de sete mil médicos de todo o Brasil e sua grade de palestras e apresentação de trabalhos inclui alguns dos mais reconhecidos especialistas internacionais e brasileiros da especialidade e disciplinas correlatas.

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