A tecnologia se expande

Reginaldo Villazón


Em 1990 – em um congresso anual de tecnologia – o norte-americano John Romkey apresentou o primeiro objeto conectado à Internet. Era uma torradeira doméstica (plugada a um computador) que podia ser ligada e desligada via Internet. No ano seguinte, ele foi além. Apresentou a torradeira, equipada de um pequeno robô (também comandado via Internet) que podia pegar a fatia de pão e colocá-la na torradeira.

O sucesso das novidades criadas por John Romsey inspirou estudiosos de tecnologia a visualizarem possibilidades viáveis no futuro. Em vários livros e artigos, nos anos seguintes, eles apontaram como a Internet poderia se conectar a um grande número de dispositivos, de forma ostensiva, em todos os lugares, para todas as pessoas. Deixaram claro que – nos lares, nas empresas, nos locais de lazer e nas cidades – muitas tarefas poderiam ser realizadas por aparelhos interligados via Internet.

Em 1999 – em uma palestra, em uma grande empresa norte-americana – o britânico Kevin Ashton cunhou a expressão "Internet das Coisas". E ressaltou que a conexão de objetos do fundo físico com a Internet teria o poder de criar um mundo novo, mais inteligente. No ano seguinte, a empresa multinacional sul-coreana LG apresentou uma geladeira inteligente conectada à Internet. Hoje (2018) – além dos 2,1 bilhões de celulares – há 8,4 bilhões de aparelhos, robôs e máquinas conectados à Internet.

O Brasil ainda custa a acertar o passo com os países vanguardistas, por conta da sua herança histórica arcaica que tenta resistir aos ventos novos da globalização. Nosso transporte público desconhece horário, nossa energia sofre desperdício, temos filas nos serviços públicos. Na Alemanha, em 2002, dois relatórios científicos geraram o conceito de "Ambiente Inteligente" com o propósito de colocar as pessoas em ambientes cercados por sistemas inteligentes incorporados aos objetos, com a facilidade de interação.

Nesta década, um conceito mais amplo ganhou força, "Cidade Inteligente", especialmente motivado pelo grande crescimento das cidades. Verificou-se que será preciso assegurar os recursos disponíveis e as atividades nas cidades, de modo eficiente, sem perdas, com uso intensivo de dispositivos tecnológicos. Assim, será possível saber o conteúdo exato de alimentos na geladeira à distância. Será possível que as janelas da empresa se fechem quando chega chuva. Será possível conhecer as melhores rotas de tráfego da cidade no momento certo em que a informação é buscada.

Mas até a vida dos produtores rurais está em vias de mudanças significativas em razão do avanço tecnológico. Sensores inteligentes já são capazes de receber e interpretar dados para regularem as quantidades de água irrigada e fertilizante às plantas, proporcionando economia de até 70% desses recursos. Enfim, o esperado futuro está bem próximo e nada indica que será permeado por caos, escuridão e violência. Ao contrário. O futuro inteligente promete fortalecer a ordem, a lucidez e a paz.
 

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