Fernando Braz Tangerino Hernandez 1
O
mês de junho se foi e com ele a percepção de que tivemos um mês mais frio que o
normal, ou o que esperávamos. Natural isso, em uma região quente como o é o
Noroeste Paulista, de grande aptidão para uma agricultura irrigada de alto
nível, mas detentora das maiores taxas de evapotranspiração do Estado de São
Paulo e com irregularidades das chuvas, apresenta tradicionalmente 8 meses de
déficit hídrico e seria temerário fazer agricultura sem se alicerçar nos
sistemas de irrigação.
Mas
vamos à temperaturas! O mês de junho no Noroeste Paulista teve 20,7ºC de
temperatura média e 14,8ºC de média da temperaturas mínimas e a menor
temperatura foi registrada em Populina no dia 11 com 3,6ºC. Em 2016 a
temperatura média da região foi um pouco menor, 19,9ºC e a média da mínima
ficou em 0,5ºC abaixo, com 14,3ºC e a menor temperatura, de 3,2ºC, também foi
registrada em Populina. Portanto, tudo muito parecido!
Mas
quem trabalha ou depende da agropecuária se preocupa com a relação entre as
chuvas e a evapotranspiração e assim determinar quando irrigar e com qual
quantidade de água para conseguir a maior produção, com menor custo, é
fundamental, e assim, neste junho de 2017 a média diária da evapotranspiração
de referência foi de 2,5 mm, exatamente igual a média histórica do Noroeste
Paulista, mas um pouco acima dos 2,3 mm/dia registrados em junho de 2016, muito
influenciada pelos 39 dias sem chuva maiores que 10 mm na região, e de fato, a
Rede Agrometeorológica do Noroeste Paulista, operada pela UNESP, aponta para
apenas 5,6 mm de média de chuva neste mês. No mesmo período de 2016 foram
registrados 58 mm, muito próximos dos 60 mm historicamente esperados.
E
assim, tem-se na região a situação em que as chuvas de abril e maio favoreceram
quem se arriscou e plantou feijão na primeira quinzena de abril e a colheita
neste momento aos 72-75 dias está acontecendo com produtividades consideradas
satisfatórias, enquanto plantios tardios, exigem que os sistemas de irrigação
operem a plena carga.
O
importante é destacar que os investimentos em sistemas de irrigação são
necessários quando há o registro e análise histórica de déficit hídricos, mas o
balanço hídrico só é possível ser realizado quando há dados de chuva e
evapotranspiração disponíveis e assim, a UNESP Ilha Solteira cumpre um papel
muito importante perante a sociedade, que é o de fazer o monitoramento
climático do Noroeste Paulista e permitir que profissionais de diferentes
formações se apropriem gratuitamente dos dados registrados e divulgados para
fazer uma região ainda melhor.
E
por falar nisso, o Engenheiro Agrícola Alberto Avilez acaba de concluir um
estudo que mostra que do ponto de vista econômico a melhor época de plantio de
feijão na região é exatamente a primeira quinzena de abril!
Bingo!
Se seguir a tradição e chover, mantenham os equipamentos de irrigação
desligados, mas se for um ano atípico, é só ligá-los e garantir a segurança
hídrica que levará à altas produtividades!
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