Criativos

Reginaldo Villazón

Nos países desenvolvidos – onde a educação já é excelente –, governantes e educadores persistem na preocupação de investir mais recursos financeiros e aplicar medidas inovadoras no sistema educacional. Faz tempo, eles deixaram para trás a educação tradicional, centrada em disciplina, conhecimento e qualificação ao trabalho. Hoje, eles preparam crianças e jovens para obterem êxito na vida social, no exercício da cidadania, na realização profissional. Mas isso não basta, não é mais suficiente.

O planeta e a sociedade humana vêm passando por transformações imensas e isto exige reações decisivas. Na educação, agora existe o conceito de Educação Criativa, que se apoia em educação, arte e cultura para promover o desenvolvimento das crianças e dos jovens. Para começar, são necessários orientadores e professores de diversas especialidades. Depois, é preciso contar com ambientes, móveis, equipamentos e materiais que ofereçam possibilidade de realização de atividades em equipes.

Não há uma definição que limite a Educação Criativa. Podemos entendê-la como sendo meios de desenvolvimento de potencialidades, habilidades e comportamentos das pessoas. Alguns dos seus benefícios são: encontrar soluções diante de problemas, fazer uso de novas tecnologias e comunicar-se com clareza. Paralelamente, cresce no mundo a Economia Criativa, ou seja, empreendimentos que geram produtos e serviços concebidos de modo criativo. O trabalho humano convencional diminui.

Universidades e Institutos de Educação avançados adotam e difundem a Educação Criativa no mundo. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) gerencia uma rede cooperativa de 116 cidades (em 54 países) que decidiram priorizar iniciativas criativas no seu desenvolvimento. No Brasil, em 2015, o MEC validou 178 organizações criativas na educação básica do país. A nossa Educação Criativa cresce, envolvendo entidades, empresas e governos.

Hoje os brasileiros admitem que, além de combater a corrupção, o país tem necessidade de realizar amplas reformas para superar as dificuldades econômicas e sociais. As crises atuais requerem mudanças estruturais, sem as quais o país não voltará a se desenvolver. Entidades públicas e privadas discutem reformas na Constituição, na Educação, na Saúde, nos sistemas político, tributário, prisional e outros. Além disso, é preciso preparar o país para os novos desafios e oportunidades globais.

O Brasil precisa mesmo de reformas estruturais. Mas elas não serão eficazes, enquanto o país estiver nas mãos de dirigentes (públicos e privados) tradicionais. Ou seja, até que estes dirigentes tradicionais sejam atropelados pela geração de criativos. A história vai se repetir: sai geração velha, entra geração nova. Será ótimo quando a geração de criativos desmontar o Congresso Nacional, onde se reúnem fisicamente 594 parlamentares, ao custo de R$ 10 bilhões por ano, para longas discussões corporativas.

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