Moderado, por Reginaldo Villazón

Nos últimos cinqüenta anos, a população brasileira passou por grandes mudanças. Cresceu de 85 milhões para 200 milhões de pessoas. Melhorou a expectativa de vida – na média de 5 anos por década – até passar dos 70 anos. O modo de vida e os costumes agora são outros. Ver fotos antigas – pessoas magras, vestindo roupas sóbrias, andando pelas ruas – é motivo para graça. Os avanços da medicina, da nutrição e das condições do trabalho hoje proporcionam mais saúde e estimulam a preocupação com a qualidade de vida.

Mas nem tudo são flores. A obesidade, que se espalha pelo mundo, atingiu 51% (mais da metade) da população brasileira em 2013. Aliada ao sedentarismo (falta de práticas regulares de atividades físicas), a obesidade prejudica o desempenho físico e emocional das pessoas. Pode causar doenças e mortes. Obviamente, é um fenômeno ligado ao desenvolvimento capitalista. A sociedade humana nunca foi seduzida com tanta oferta de bens e serviços para o seu conforto, de alimentos e iguarias para a sua satisfação.

Recentemente, os cientistas passaram a publicar estudos sobre a fadiga crônica, um estado mórbido que inclui a dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações, inchaços e cansaço. A fadiga crônica forma um círculo vicioso com a falta de exercícios físicos. Ela deixa o indivíduo debilitado, impedindo-o de fazer exercícios físicos. E ela se beneficia da falta de exercícios físicos do indivíduo para mantê-lo debilitado. Assim, indivíduos fora do peso ideal, sedentários e desanimados não conseguem mudar e melhorar suas vidas.

As academias de ginástica, as pistas de caminhada e as ciclovias andam cheias de pessoas em pleno exercício, esbanjando massa muscular magra e resistência física. Parece que não sejam bons exemplos a todos que desejam se igualar, porque há a fadiga por excesso de esforço, um desafio sério a ser enfrentado com ajuda de especialistas. Alcançar o peso ideal, superar a fadiga crônica e proteger o corpo do excesso de esforço – dizem os estudiosos –, é possível dentro dos limites de cada indivíduo.

Um plano moderado de exercícios – tal como meia hora de caminhada na esteira, três vezes por semana – pode restituir o bem-estar e ativar as energias. Malhar por horas, todos os dias, pode ser um caminho direto para a desistência. Da mesma maneira, tentar um regime alimentar severo pode dar em nada. A reeducação alimentar, em especial quando assumida pelo grupo familiar, é uma opção de vida coletiva na direção da aquisição de bons alimentos, no preparo de receitas saudáveis e no prazer sem culpa.

A evolução humana acontece do pior para o melhor, mas por caminhos tortuosos. Novas oportunidades se escondem por trás de novos desafios. É preciso aprender a se livrar de coisas, sentimentos e hábitos que dificultam a caminhada. É preciso aprender a buscar o que liberta e impulsiona para frente. Estas questões de saúde tem implicações graves. Mas cada pessoa tem o seu caminhar próprio, o seu modo de resolver pendências. Muitas vezes, o que parece mais difícil pode ter solução bem simples.

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