O Lúdico como Motivação Terapêutica, por Flávio Carvalho

 
Cada vez mais profissionais como fonoaudiólogos, pedagogos, fisioterapeutas, psicólogos, psicopedagogos, psicanalistas e outros estão usando o lúdico, jogos como instrumento terapêutico. Tais profissionais estão usando o lúdico não só como instrumento terapêutico, mas também como recursos artísticos e educacionais.

As atividades lúdicas no processo terapêutico têm papel significativo em todas as fases do tratamento, os resultados obtidos são os melhores possíveis

Através do lúdico, dos jogos e das brincadeiras, as crianças no processo analítico se exteriorizam, seu inconsciente se manifesta de maneira mais espontânea e mais facilmente, pois com a criança brincando ela se encontra mais relaxada, seu consciente se mantém afastado deixando aparecer o que se encontra no inconsciente.

O mecanismo de defesa da criança age de maneira diferente quando ela está brincando, ou seja, o mecanismo de defesa é menos atuante, menos ativo, facilitando assim o direcionamento e interpretação das pulsões emergentes.

O jogo têm papel muito importante no processo terapêutico, pois além de ser do agrado da criança, facilitando a aceitação do tratamento pela mesma, todo jogo possui regras, todo jogo deve Ter um começo, meio e fim, isso é de fundamental importância para se estabelecer limites. Nunca se esquecendo que para a criança brincar é coisa muito séria. Ou seja, trabalha-se a ansiedade, frustrações, ambições e perdas com o jogo. Outro aspecto muito importante que se trabalho com o brincar, com o jogo, é de como se lidar com o prazer, com a alegria.

O lúdico, os jogos e brincadeiras também podem ser usados no tratamento terapêutico de pacientes que se encontram hospitalizados, ou seja, o lúdico pode ser usado no hospital, e com muito sucesso, e vários são os grupos e profissionais que atuam nos hospitais desta maneira, ou seja, "brincando", como exemplo podemos citar os Doutores da Alegria.

O brincar com uma criança hospitalizada é uma estratégia para que a mesma se adapte com mais facilidade ao ambiente hospitalar e ao tratamento, que muitas vezes podem ser traumáticos. A recuperação da criança é muito mais rápida e eficiente com a utilização de técnicas lúdicas durante a hospitalização. A criança com a utilização de tais técnicas lúdicas têm o estresse e o medo diminuídos sensivelmente, o que facilita e apressa a recuperação.

O uso das técnicas lúdicas no tratamento terapêutico de crianças hospitalizadas deve também integrar toda a família no processo, ou seja, toda a família deve participar do tratamento, devem brincar juntos, se tratarem juntos. O profissional que direcionar tal tratamento deve ter em mente sempre esta meta, ou seja, a de integrar toda a família, principalmente os pais neste processo terapêutico.

Devemos brincar com as crianças como crianças, não como adultos que sabem de tudo. Devemos através do brincar aprendermos a ser mais crianças, e não tentarmos transformar nossas crianças em adultos perfeitos, missão esta impossível.

A não manifestação do lúdico é a castração da esperança. O brincar é a comunicação da criança com o mundo e o brinquedo é o instrumento "manifestador de esperanças", enquanto tiver uma criança brincando, ou um brinquedo jogado, mesmo que esteja quebrado, a espera de alguém que o manipule, haverá sempre esperança.

Muitos são os ditados que ouvimos de nossos avós, pais e muitos são verdadeiros tais como: "diga com quem andas, que direi quem tu és" . Eu poderia modificá-lo para: "diga como foi tua infância, que direi quem tu és". Nossa infância é tão importante que ela define nossa vida adulta, quanto mais saudável a infância, mais saudável a vida adulta, e infância saudável é aquela cheia de brincadeiras, cheia de lazer.

É preciso que todos entendam que a criança tem que ser criança, para que não seja no futuro um adulto doente.

Flávio Rodrigo Masson Carvalho
equilibriumtc@hotmail.com

Comentários