Vinho, por Reginaldo Villazón

Estamos em pleno outono, estação climática que transita entre o verão e o inverno. O calor ameno dos dias é agradável e o friozinho das noites pede um agasalho leve. As mudanças de estação produzem alterações na luminosidade e na temperatura, e isto afeta sensivelmente o comportamento das pessoas. Nos supermercados, a seção de cervejas começa a perder a atenção de consumidores, que agora se demoram entre as prateleiras da seção de vinhos. De agora até o inverno, a compra de vinhos só vai aumentar.

Sem dúvida, o verão é ideal para confraternização extrovertida, cheia de gente vestida de bermuda e camiseta, com cerveja gelada e tira-gostos servidos a vontade. De outro modo, o inverno pede confraternização alegre, mas contida. Requer um bom vinho, uma comida substanciosa, uma conversa próxima. Felizmente, no Brasil, o clima oferece oportunidade para todo tipo de interação social, com diversificado consumo gastronômico.

Há pessoas que consomem e as que não consomem bebidas alcoólicas. Mas, em especial às bebidas destiladas (de alto teor alcoólico), até seus apreciadores defendem o consumo muito moderado. Por isto, as bebidas apenas fermentadas (vinhos e cervejas) têm apresentado grande evolução. Há vinhos e cervejas "light" (com menos álcool), orgânicos, sem aditivos químicos, de variados sabores e qualidade. Hoje é possível desfrutar um almoço impecável, acompanhado de bebidas excelentes, de acordo com a exigência da ocasião.

As estatísticas registram que o consumo de vinho na França vem caindo. Já foi de 160 litros por habitante ao ano, há 50 anos. Hoje está em menos da metade. A atual geração francesa de 40 a 50 anos acredita que vinho é algo para ser consumido de vez em quando (e não todos os dias). Prefere beber menos, mas beber vinhos de melhor qualidade. O mesmo acontece em países tradicionais, como Itália e Espanha. Mas no Brasil e outros países, como Estados Unidos e Rússia, o consumo de vinho cresce.

A tendência global é de aumento da produção e do consumo, acompanhado de melhores sistemas agroindustriais, menor custo e maior qualidade do produto. Recentemente, a China superou a França em área plantada com vinhedos e passou a ocupar o segundo lugar na cultura em escala mundial, ficando atrás somente da Espanha. Enquanto isso, os consumidores tendem ao consumo equilibrado de bons vinhos, em nome do prazer e da saúde. Quem bebe muito, está reduzindo. Quem bebe pouco, está aumentando.

No Brasil, o consumo de vinho está em 2 litros por habitante ao ano. Há muito espaço para crescer de forma consciente, sem provocar alcoolismo, doenças e acidentes. Ao contrário, para prevenir doenças cardiovasculares e degenerativas. Além disso, para combater a solidão e a tristeza. Especialmente no inverno, nos fins de semana, é um grande aliado nas refeições entre familiares e amigos, quando todos se reúnem em volta de uma mesa para celebrar a vida, deixando fora a rotina dos contatos sociais segmentados e das correrias profissionais.

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