Cor do dinheiro, por Marilís Pereira Lima e Edeilton Aparecido Barbosa

“Crédito ou débito?”. Essa é uma das perguntas mais ouvidas em milhares de estabelecimentos comerciais. Ela vem de um crescente hábito do consumidor na hora de comprar: o tradicional dinheiro de papel e as moedas metálicas estão dando lugar às facilidades e comodidades oferecidas pelas novas tecnologias, especialmente o cartão.
Criado em 1950, em Nova York, por um grupo de executivos que enfrentaram uma situação constrangedora quando perceberam que não possuíam dinheiro suficiente para pagar a conta do restaurante e tiveram que assinar uma declaração que os comprometia a efetuar o pagamento posteriormente. Com isso, tiveram a ideia da criação do “Dinner’s Clube”, o primeiro cartão de crédito do mundo. Desde então, o cartão passou por grandes mudanças até os dias atuais, tornando-se cada vez mais popular.
Provavelmente você que está lendo este artigo deve utilizar com frequência o cartão de crédito ou débito em suas compras, certo? Bom, talvez você não tenha notado, mas o cartão – somado às facilidades da internet, que nos permitem fazer transações bancárias, verificar saldo e fazer compras sem sair de casa – tem deixado as tão famosas “verdinhas” um pouco fora do nosso dia a dia. Estamos usando cada vez menos as cédulas de dinheiro e muito mais os métodos que facilitam nossa rotina. Faça a seguinte pergunta: quantas vezes, neste mês, eu utilizei dinheiro “vivo” como forma de pagamento? E quantas vezes eu utilizei o cartão? É claro que não estamos dizendo que o papel moeda está em total desuso, mas que temos observado uma busca gradativa de formas práticas, seguras e que, de alguma forma, nos tragam vantagens.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), o uso dos cartões de crédito e débito cresceu 16,3% só no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado. E, ao que tudo indica, essa moeda de troca veio para ficar, mesmo considerando as possíveis dores de cabeça decorrentes de um uso desorientado. “É preciso saber usar o cartão. Caso contrário, o consumidor vai ter um problema. Se efetuar o pagamento mínimo da parcela, por exemplo, o cliente vai pagar em torno de 6% sobre a fatura”, ensina o presidente da Associação Brasileira de Educação Financeira (ABEF) Edmilson Lyra ao O Dia.
É surpreendente o aumento de estabelecimentos, e pessoas, que aceitam essa forma de pagamento, seja pra valores altos ou baixos, seja parcelada ou à vista, seja no comércio ou serviços das mais variadas categorias. O flanelinha Edinaldo dos Santos, que trabalha na Asa Norte em Brasília, passa até R$ 1 nas máquinas de cartão se for preciso. “As taxas são boas, 1,5%, desconta na hora. Também aceito tíquete-refeição”, disse ao G1, revelando as diversas estratégias ou razões para aceitar o pagamento de seus clientes. 
O chamado dinheiro de plástico ganha mais espaço no mercado e os principais motivos são: facilidade na hora de fazer compras, maiores condições de crédito, praticidade e também mais segurança, pois pode ser cancelado em caso de roubo ou perda, ao contrário do que acontece com o dinheiro em espécie. No entanto, a tecnologia que tem sido a grande aliada no fomento dessa nova moeda de troca pode ser a responsável por tornar os cartões, em um futuro não muito distante, coisa do passado. O Jornal da Globo, na edição de 09/09/2014, noticiou o lançamento de um novo modelo de smartphone com tecnologia que permite a realização de pagamentos virtuais, e a promessa é a substituição da carteira e do cartão de crédito.
Novas tecnologias, novos hábitos, novos mercados e consumidores buscando mais vantagens, segurança e comodidade. São esses os fatores que fortalecem o aumento do uso dos cartões e das inovadoras formas de pagamento. Tendo em vista essa tendência, surge em nossas mentes a seguinte questão: Será que em alguns anos ainda nos lembraremos da cor do dinheiro?
Marilís Pereira Lima: Acadêmica do curso de Administração da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS. e-mail: maryisa.lima@gmail.com
Edeilton Aparecido Barbosa: Contador e Especialista em Auditoria e Controladoria. Atua como Contador na UFMS – Campus de Três Lagoas/MS – e-mai edeilton2003@hotmail.com

Comentários