Decisões, por Reginaldo Villazón


Há dois anos, em 07 e 28 de outubro de 2012, houve eleições para escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nos 5.568 municípios brasileiros, envolvendo 140 milhões de eleitores aptos a votar. A participação vigorosa dos partidos políticos e seus candidatos propiciou disputas acirradas. Para um grande número de eleitores, não foi fácil escolher em quem votar. Em todo o país, no primeiro turno, a abstenção (não-comparecimento) dos eleitores superou 16% e na votação dos prefeitos houve 11,00 % de votos brancos e nulos.
De fato, as eleições são importantes. Apesar do despreparo político de grande parte dos brasileiros, o povo sente que suas conquistas e agruras têm a ver com o desempenho dos políticos eleitos democraticamente. Então, é preciso votar melhor. Mas há fatos que complicam as decisões dos eleitores. Os partidos políticos perderam suas identidades e hoje atuam conforme as conveniências. Os políticos desaprenderam a se comunicar com o povo, fazem discursos preparados por assessores e prometem as mesmas coisas em todas as eleições.
Naquelas eleições municipais, havia vontade de mudanças. Vontade de quebrar o continuísmo político e dar oportunidade a novos gestores municipais. Havia esperança de melhorar as atitudes e o desempenho no poder executivo. Uma pergunta persistia no ar: como confiar nos novos candidatos, que faziam boas propostas de governo? Não havia como responder com certeza. Os políticos são seres humanos, irracionais. Podem prometer e não cumprir. E nenhum político é punido pelo fato de não cumprir promessas de campanha.
Hoje, o país está de novo em campanha eleitoral. Para o cargo de presidente da República, há três candidatos fortes. E o povo quer mudanças. Dilma Rousseff (PT) é a candidata mais conhecida. Já é presidente da República, mas tem muitos buracos no telhado e não tem votos suficientes para reeleger-se no primeiro turno. Aécio Neves (PSDB) repete o discurso tradicional do partido, que já esteve por oito anos no poder. Marina Silva (PSB) é inteligente, bem preparada e anuncia grandes mudanças. Mas é uma incógnita.
Novamente, a questão: como confiar nesta candidata, que é uma ótima candidata, mas não há certeza de que ela vai honrar seu programa de governo? Uma vez eleita, ela terá o direito de governar o país por quatro anos. Se ela fosse escolhida a governar o Brasil como primeira-ministra, no sistema parlamentarista, pelo Congresso Nacional, poderia manter-se no cargo ou ser substituída em qualquer momento. Mas o parlamentarismo, que existe em países desenvolvidos (Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e outros), não existe aqui.
Assim, decisões políticas importantes na escolha dos candidatos ficam completamente sob responsabilidade dos eleitores, num clima de desconfiança e esperança. Os eleitores devem, em primeiro lugar, tentar votos válidos. Mas, se a consciência não permitir, podem votar em branco, votar nulo ou não comparecer às eleições. A pior decisão é votar de modo viciado, sempre nos mesmos partidos e candidatos, independente do mérito. Ainda que, cometendo enganos, só é possível promover o progresso do país com o uso da consciência.

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