Desconstruindo

Adelvair David
À medida que o tempo passa a criatura humana edifica muros em torno do coração; acredita manter-se ali em relativa segurança e de onde determina a maioria das suas ações.
O que é preciso ponderar é que, sendo imperfeito, o homem pode interpretar como segurança ou nobreza aquilo que nem sempre verdadeiramente o é. Que as determinações da conduta calcadas em achismos e vivências superficiais não são boas e que, algumas vezes, ela é firmada por conversões automáticas a este ou àquele pensamento filosófico religioso, sem o devido discernimento. Estas posturas podem confundi-lo trazendo-lhe grandes dissabores emocionais, morais e materiais.
Ao longo dos anos o espírito vai também construindo para si mesmo conceitos por própria conclusão; fundamentados em expressivas determinações em sua natureza provindas de experiências de outros tempos existenciais, nem sempre recomendáveis. As suas tendências o induzem a este ou a aquele comportamento, assim, as suas escolhas podem transformar-se em luzes para o seu caminho ou em trevas que o aprisionam em consequências lamentáveis, que se manifestarão nesta vida ou nas que ainda virão.
Uma parcela significativa de homens permanecem alheios a este processo de auto-entendimento e dos propósitos da própria existência. Aqueles que conseguem superficialmente avaliar os porquês das suas decepções, quase sempre caem na descrença, instalando na alma o autodesprezo; tendo se permitido iludir, acreditam-se desprovidos de autovalor. Ao aceitar o duvidoso sem questionamentos declaram-se inaptos a fazerem escolhas e desistem das melhores propostas de crescimento da vida. Neste sentido, a resposta emocional é tão negativa que leva o homem a não mais confiar em ninguém, porque também não confia em si mesmo, a não mais fazer nada de bom para ninguém, porque então não acredita ser competente para fazê-lo a si mesmo, passando a compor a turba dos indiferentes que caminham pela vida sem se importarem com o valor do tempo, das horas que devem ser utilizadas na construção dos valores nobres e da inteligência.
O que preserva o homem deste caminho enganoso é ser o mais honesto possível consigo mesmo. Optando por buscar a sua renovação através do abandono dos hábitos nocivos, dos vícios morais e ou materiais, propondo falar sempre a verdade e viver o amor em todas suas formas de expressão, principalmente em relação às almas frágeis da caminhada humana, irá desconstruindo aos poucos tudo o que a sua ilusão edificou. Através das elevadas conquistas, construirá recursos inquebrantáveis para a sua verdadeira proteção, evitando fazer o mal e levando-lhe a fazer o bem em toda parte.
A religiosidade é fundamental para o sucesso desta empreitada íntima. Porém, ensina-nos o espiritismo que uma religião que não torna o homem melhor não pode ser boa. A sua função é a de religar o homem a Deus através do cumprimento da Lei de Amor; deve oferecer-lhe condições para se conhecer, conhecer as suas imperfeições e os meios de lutar contra elas, para não se transformar em vítima passiva do seu jugo. Asseverou Jesus: "Vigiai e orai para não cairdes em tentação". Ressaltamos aqui principalmente as tentações que vem de dentro da alma.
DESCONTRUIR O VELHO HÁBITO RUIM EDIFICANDO O BOM E NOVO É MOVIMENTO DA VIDA QUE IMPULSIONA O ESPÍRITO PARA DEUS ATÉ A PERFEIÇÃO.

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