Comércio eletrônico: nosso grande desafio

Alexandre Alves Rensi

Dizer que a tecnologia invade as nossas vidas de forma cada vez mais acelerada é chover no molhado, mas quando essa invasão começa a afetar as nossas fontes de recursos é hora de se pensar em soluções que possam ao menos adiar ou reduzir seus efeitos no nosso meio.
O comércio eletrônico é uma dessas áreas de preocupação para quem tem suas atividades voltadas para o comércio tradicional: os custos são muito menores, exigindo menos espaço físico e menos mão de obra e o cliente está em toda parte. É uma concorrência bem desleal, se compararmos esses custos operacionais de uma loja convencional com os de uma do mundo virtual.
A situação só não está mais complicada porque ainda existem muitas dúvidas do consumidor em relação a garantias de qualidade e de entrega do produto, além da ameaça de utilização indevida de seus dados pessoais, mas o consumidor também vai aprendendo rapidamente a lidar com essas situações, buscando mecanismos de proteção cada vez mais sofisticados desenvolvidos pelos profissionais da área tecnológica.
Mesmo assim, chega a impressionar o crescimento desse tipo de comércio, nos últimos anos. Dados da e-bit, empresa referência no fornecimento de informações sobre e-commerce nacional, revela que no Brasil, em 2012, o aumento foi de nada menos do que 20% em relação a 2011 e para 2013 espera-se um salto para 28%. Em 2012, o total de negociações pela internet chegou a R$ 49 bilhões, um valor bem maior do que os R$ 36 bilhões de todo o faturamento no mesmo ano das 1250 lojas do Grupo Pão de Açúcar, que incluem a rede das Casas Bahia e os supermercados Pão de Açúcar e Extra.
Por enquanto ainda não podemos dizer que o comércio eletrônico é uma ameaça imediata ao comércio tradicional, embora seus efeitos já comecem a ser sentidos em vários segmentos, mas o seu crescimento nessas proporções não deixa de ser preocupante. É preciso ficar esperto, pois o impacto pode ser maior ou menor dependendo do segmento, mas estará sempre exigindo novas iniciativas e muita criatividade para atrair consumidores.
Enfrentar desafios é inerente à natureza humana, nos estimula a crescer superando barreiras. Portanto, está aí mais um bom exercício em busca de soluções que precisam ser discutidas e compartilhadas por todos os empreendedores do comércio não virtual, independentemente da sua área de atuação. Caso contrário, o comércio não-eletrônico logo estará limitado a alguns segmentos, como de alimentos perecíveis, combustíveis e poucos outros.
Em uma relação de consumo, duas são as principais pontas, a oferta e o consumidor propriamente dito. No comércio eletrônico a oferta está cada vez maior, já o consumidor quer sempre melhores condições e facilidades. É o casamento perfeito para o sucesso e crescimento, a largos passos, do comércio virtual, no mundo todo e logicamente no Brasil também.Alexandre Alves Rensi – Presidente da Associação Comercial e Industrial e do Sincomércio de Jales

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